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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Vinte pessoas são detidas em operação da PM para combater cracolândia no Morro da Coruja, em São Gonçalo

RIO - Vinte pessoas foram detidas por policiais militares do 7º BPM (Alcântara), que realizaram uma operação no Morro da Coruja, em Neves, São Gonçalo, na manhã desta quinta-feira. De acordo com o tenente-coronel Cláudio Oliveira, comandante da unidade, os suspeitos estavam na cracolândia da comunidade.

Um ônibus foi levado para a favela para transportar os suspeitos até a 74ª DP (Alcântara), onde será feita uma triagem. Na operação, foram apreendidas drogas e armas. O material ainda não foi contabilizado.

Na semana passada, três homens foram presos e dois menores apreendidos na mesma comunidade. Eles estavam com drogas e três radiotransmissores.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Conselho da 7ª AISP discutirá aumento de população de rua em SG





O Conselho da 7ª AISP (Área Integrada de Segurança Pública) através do seu presidente, José Antonio Borges, do comandante do 7ºBPM/SG, Coronel Claudio Luiz e dos delegados do Município, realizará a sua reunião mensal na próxima quinta-feira.

Haverá uma palestra, ministrada pela senha Diane Arraz , representante do Serviço de Abordagem , Triagem e Acompanhamento a População de Situação de rua , com objetivo debater questões relacionadas a Segurança Pública no município e o grande aumento desta população d .

A reunião acontecerá nesta quinta-feira (16/12), com início ás 10 horas, na ACESG (Associação Comercial e Empresarial de São Gonçalo) - Rua Feliciano Sodré, 82, 1° andar, Centro de São Gonçalo, sendo que ao início da reunião , será servido para todos os participantes um café da manhã gratuito.

O homem do ano – Jose Mariano Beltrame




O homem responsável pela segurança do Rio de Janeiro dá expediente no prédio da Central do Brasil, no centro da cidade, com a fachada suja e cheio de mendigos na porta. No gabinete localizado no 4º andar, José Mariano Beltrame recebeu a reportagem de ALFA numa tarde de sexta-feira ensolarada no início de novembro, vestido com um discreto terno marrom. Na entrevista exclusiva, o policial falou como a chegada ao Rio mudou para sempre sua vida. Ele desembarcou na cidade em 2003, quando foi convidado a chefiar um grupo de investigadores da Polícia Federal que atuava na cidade tentando desbaratar quadrilhas de traficantes de drogas e de armas. Na época, a vida pessoal de Beltrame também passava por um período de mudança. Estava recém-separado de seu primeiro casamento e chegou a morar dois anos na sede da Superintendência da PF, no centro do Rio.

“Era mais prático e eu gostava do meu serviço. Vivi o problema da criminalidade 24 horas por dia”, afirmou ele. Saiu-se tão bem na função que foi indicado, em 2006, ao governador Sérgio Cabral para ser o secretário de Segurança do Rio de Janeiro.

Na conversa com ALFA, ocorrida duas semanas antes dos maiores combates na história da cidade entre as forças policiais e os bandidos, Beltrame parecia pressentir os problemas. Ele encabeçou a equipe que colocou em prática a primeira tentativa séria de intervenção pública no problema da violência nos morros, com a criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Implantado há dois anos, no primeiro mandato de Sérgio Cabral, o programa já criou 13 unidades, que garantem a ocupação de mais de 30 morros e favelas. Nessas áreas, além da instalação de postos permanentes de policiais articulados com as lideranças comunitárias, foram construídos escolas e centros de saúde. “Instalar uma UPP é como jogar água quente no formigueiro”, disse Beltrame. “Sabemos que, com a perda de territórios, os comandos dos bandidos estão se reorganizando para tentar uma reação.”

As previsões do secretário se concretizaram. A crise de segurança teve início, com os bandidos promovendo tiroteios, arrastões e queimas de ônibus na cidade. A polícia reagiu com uma ação ainda mais ousada, invadindo, com o auxílio de tanques da Marinha, uma das favelas mais perigosas da cidade, a da Vila Cruzeiro, onde os bandidos estavam concentrados. Na fase seguinte, as forças de segurança ocuparam o Complexo do Alemão. A operação de reconquista da Vila Cruzeiro, transmitida ao vivo durante horas pelas TVs, num clima de “Tropa de Elite 3”, chegou a ser comparada por comentaristas mais exagerados ao desembarque dos Aliados na Normandia, durante a Segunda Guerra Mundial. Somente na primeira semana de conflitos entre policiais e bandidos, 217 pessoas foram presas e 34 morreram.

No final de novembro, Beltrame estava novamente quase morando dentro do trabalho. No auge dos combates nos morros da cidade, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro já havia recebido 17 ameaças de morte e andava escoltado por 20 policiais. Fazia suas refeições no próprio gabinete e, para vê-lo, sua família — Beltrame se casou pela segunda vez e tem um filho de 1 ano de idade — era obrigada a se deslocar para lá. Nas entrevistas em que falou sobre os confrontos, o secretário sempre demonstrou clareza e firmeza. Essas características já haviam ficado claras no encontro com ALFA, quando ele comentou o sacrifício necessário para cumprir a missão que está em suas mãos. “O jogo contra os criminosos é difícil, mas vamos vencê-lo”, afirmou.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Economia pode ganhar R$ 870 milhões só com luz e gás

O comércio ilegal de energia e de botijões de gás movimentam cerca de R$ 870 milhões por ano nas favelas do estado do Rio de Janeiro. Pacificação das favelas representa oportunidade para iniciativa privada chegar a áreas dominadas por intermediários.


O valor, estimado a partir de dados da distribuidora de energia Light e da Agência Nacional de Petróleo (ANP), é 13 vezes superior aos R$ 65 milhões empenhados pela União este ano em programas de habitação e urbanização de assentamentos precários, caso das próprias favelas.

A retomada de 12 favelas do Rio controladas por traficantes, por meio da instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), pode trazer recursos desviados pelo comércio ilegal de volta à economia formal, dizem especialistas. Mas, para isso, é importante que o poder público e a iniciativa privada atuem rapidamente. Segundo o urbanista Manoel Ribeiro, que atua em programas sociais nas favelas cariocas há 21 anos, a ação das UPPs tem prazo de validade. "Primeiro, porque os traficantes das favelas ocupadas apenas mudaram de endereço. Segundo, porque a milícia nasce também das UPPs, e é ela quem comanda grande parte do comércio üegal dos morros", diz. Ribeiro ressalta ainda que vários comandantes de UPPs estão conquistando cargos políticos, o que torna a eficiência da ocupação questionável no longo prazo.

Reação

Mas, por enquanto, as empresas mostram-se interessadas em ocupar o espaço antes das milícias. Para o superintendente de Relacionamento com as Comunidades da Light, Mário Guilherme Romano, as UPPs contribuem para elevar a formalidade do serviço de distribuição de energia nas favelas do Rio. No morro Dona Marta, onde a UPP existe desde 2008, a companhia investiu R$ 4,5 milhões em lun programa de eficiência energética, que aplicou R$ 2,5 milhões na modernização das redes locais. "Havia muito fio desencapado, por conta dos chamados gatos. Isso representava insegurança para os moradores, passivos de choques e incêndios. Com a nova rede, a região sofre um décimo das interrupções de energia de antes", diz.

Os "gatos" de energia, contudo, ainda dominam o locaL Dos cerca de 10 mil habitantes de Dona Marta, segundo estimativas do Instituto Pereira Passos, a Light atende a 1,5 mil famílias.

Para a distribuidora, que responde por 70% do fornecimento de energia no estado do Rio, os "gatos" nas favelas geram o desvio de 2,1 mil gigawatts-hora (GWh) por ano. Aplicando-se a tarifa social de R$ 0,18 sobre o consumo de um quitowatt-hora (KWh) — valor geralmente cobrado para famílias de baixa renda—o prejuízo mínimo pode chegar a R$ 395,5 milhões por ano. Estendendo-se para os demais 307o do mercado fluminense, as empresas de energia perdem, em média, R$ 570 milhões todos os anos. Para o Brasil todo, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estima perdas de R$ 7,8 bilhões por ano.

Televisão paga

Embora não consiga determinar quanto as operadoras de TV paga perdem com os desvios de sinal no Rio, os "gatonets", Antônio Salles, diretor do Sindicato de Empresas de TV por Assinatura (Seta), diz que o mercado local só ingressará na formalidade quando o governo criar soluções mais eficientes de segurança. "Hoje um técnico chega na favela e é cercado por milicianos", diz.

Quando o sinal era analógico e, portanto, fácil de rastrear, a Seta estimava que 500 mil pontos instalados eram ilegais em todo o país. "Com o avanço do sinal digital, esse número vem caindo, pois requer pirataria sofisticada de softwares de criptografia. Entretanto, suponhamos que essa média de gatonet seja hoje de 200 mil pontos, isso representa uma perda de R$ 10 milhões por mês para o setor", afirma.


URBANIZAÇÃO
Projeto Paraisópolis, modelo paulistano para comunidade cariocas

Iniciado em 2005, o modelo de urbanização da favela de Paraisópolis, na zona sul da capital paulista, poderia ser copiado para as favelas do Rio, diz Maria Tereza Diniz, coordenadora do projeto na prefeitura de São Paulo. Embora a Secretaria de Segurança Pública não tenha atuado nas 120 comunidades paulistanas que utilizam esse modelo, no caso fluminense, seria necessário a ajuda das UPPs. O projeto, que teve investimentos de R$ 195 milhões, foi responsável pela pavimentação de ruas, drenagem, implantação de coleta de lixo, criação de áreas de lazer, unidades de saúde, escolas, creches e a reconstrução de casas - ações que beneficiaram 80 mil pessoas. "No começo, sentimos muita resistência da comunidade, que não dava credibilidade ao poder público devido à inúmeras promessas não cumpridas. Isso mudou quando as pessoas começaram a ver suas casas construídas, em 2008", afirma Maria Tereza. Segundo ela, 3 Secretaria de Urbanismo não enfrentou problemas de segurança em Paraisópolis, exceto pelo episódio de fevereiro de 2009. Na ocasião, houve confronto entre policiais e traficantes, supostamente iniciado com a morte de um morador de Paraisópolis. "A polícia teve de ocupar a favela temporariamente, cerca de um mês, para darmos continuidade aos projetos", conta. Os resultados, porém, renderam prêmios internacionais à prefeitura. "Antes do projeto, apenas 18% das casas tinham coleta de esgoto. Hoje, essa parcela é de 70%", afirma Maria Tereza.

Para o urbanista Manoel Ribeiro, o modelo implementado pelo governo na década de 70 para fomentar a Zona Franca de Manaus é outra possível solução para a informalidade nas favelas do Rio. "A informalidade é responsável pela relativa estabilidade social das comunidades da região. Esse mercado só entrará para a economia formal quando o faturamento dos comerciantes for suficiente para o pagamento de contadores e impostos", diz Ribeiro. Neste sentido, a isenção de impostos e a facilidade de crédito aplicada aos empresários na criação da Zona Franca de Manaus seria fundamental para as favelas. "Hoje, três em cada cinco empregos gerados são informais. É preciso, portanto, estimular o empreendedorismo nos morros", afirma Ribeiro. CA.

Informalidade eleva custo de vida nos morros

Crime organizado limita instalação de revendas legalizadas nas áreas que controlam para assegurar fonte de receita com venda de produtos e serviços

Enquanto a insegurança nas favelas fluminenses é um dos principais empecilhos ao ingresso do comércio legal de bens e serviços, a população local arca com os custos da informalidade. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustível (ANP), a revenda ilegal de botijões nas favelas do estado movimenta um mercado de até R$ 300 milhões por ano. Isso porque as milícias chegam a cobrar um ágio entre R$ 5 e R$ 13 sobre o preço médio do botijão de 13 litros, que custa, no mercado formal, R$ 37 em média. O botijão, portanto, chega a R$ 50, segundo relatório da ANP.

Para a agência, a própria rede de fornecedores, traficantes e milicianos limitam a instalação de revendas legalizadas nas áreas que controlam e garantem, assim, a venda de aproximadamente 500 mil botijões por mês. O esquema do botijão de gás se repete também com outros serviços
básicos.

O chip para celulares da Um vendido nas favelas, por exemplo, custa em média 50% mais do que fora das comunidades. Para Fernando Motta, diretor da Tim no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, a informalidade encarece o preço nas favelas porque não é possível vender diretamente para os estabelecimentos, já que faltam informações básicas, como Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Desta forma, o produto passa por vários intermediários, elevando o custo para o consumidor final. "Com as UPPs, consigo ter uma relação direta com as empresas e o preço cobrado para o consumidor cai", diz Motta.

Como resultado da estratégia direcionada a comunidades carentes (leia mais na página 6), a. Tim viu suas vendas subirem. Em outubro, foi a operadora que mais cresceu em participação de mercado no Rio de Janeiro e, no segmento de clientes pré-pagos, subiu do quarto para o terceiro lugar. "É um processo longo, mas já é fruto desse trabalho, 70% desse esforço de vendas veio das comunidades", afirma Motta.

Por mais que não solucione o problema da informalidade, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) podem elevar a presença do mercado formal e, com isso, reduzir o custo dos bens e serviços. "As UPPs são importantes para colocar um pouco de ordem em uma região abandonada pelo estado e tirar o ônus da violência dos preços cobrados às comunidades carentes", diz Tadeu Masano, presidente da consultoria Geografia de Mercado.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Exército vai implantar no Rio uma Força de Paz nos moldes do Haiti





RIO - Pela primeira vez na história, o Exército vai montar no país uma Força de Paz nos moldes das operações realizadas no Haiti. O comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, confirmou que suas tropas vão ocupar a parte interna dos complexos do Alemão e da Penha.

De acordo com Peri, nessa segunda fase de ocupação os militares vão fazer o patrulhamento e, se necessário, vasculhar casas. A Brigada Paraquedista também não ficará fixa no Complexo do Alemão. Tropas de outros estados poderão ajudar na ocupação.

O comandante do Comando Militar do Exército (CML), general Adriano Pereira Junior, disse que, a partir da semana que vem, serão traçadas metas para que o Exército comece a ocupação do interior das comunidades. De acordo com o general, um comandante, ainda não escolhido, será designado para comandar a tropa de Paz.

- Nosso pessoal está preparado para esse tipo de atuação. O governador enviou um ofício ao Ministério da Defesa que resolveu atender ao pedido. Basta agora acertar a nossa estratégia e uma data para a entrada do Exército na comunidade - informou o comandante.

O Exército ainda não divulgou, no entanto, quando a força pacificadora vai começar a atuar. Segundo o general Adriano, ainda é necessário um tempo para que o Exército faça o planejamento das ações. Mas, ele acredita que não será possível implantar a Força de Paz antes do dia 15 de dezembro.

Marinha deixa ocupação no Complexo do Alemão

Nesta quinta-feira, as tropas da Marinha começaram a deixar a ocupação no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro. Segundo informações dos militares, os 17 blindados saem do 16º BPM (Olaria) e voltam para o quartel da corporação em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde ficarão de sobreaviso. Caso seja necessário, os veículos vão voltar para o conjunto de favelas. Ainda de acordo com os militares, a retirada dos blindados acontece para aliviar o tráfego no local e diminuir a exposição dos veículos.


Ana Claudia Costa, Paulo Carvalho, Ana Carolina Torres; G1

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Comboio com drogas apreendidas no Alemão segue para Volta Redonda





RIO - Três caminhões da Comlurb seguem na tarde desta quarta-feira em direção à Volta Redonda, no Sul Fluminense, com as drogas apreendidas até o momento durante as operações de ocupação dos complexos da Penha e do Alemão. O material será incinerado nos fornos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que cedeu suas instalações para a operação

O comboio saiu da Academia de Polícia Civil, onde as drogas estavam armazenadas para perícia, por volta das 12h30m e seguiu pela Linha Vermelha e Serra das Araras. Os veículos são escoltados por dois carros da Coordenadoria de Operações Especiais (Core), um da Polícia Federal, além de dois agentes em motocicletas.

Segundo levantamento parcial da Secretaria de Segurança foram apreendidos até o momento 33 toneladas de maconha, 235 kg de cocaína, 27 kg de crack, e 1.406 frascos de lança-perfume.




http://oglobo.globo.com


Domingos Peixoto

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Entre drogas e armas, tráfico perde R$ 23 milhões

iG calculou a quantia perdida por traficantes a partir das apreensões feitas pelas polícias civil e militar

Vinte e três milhões e seiscentos e seis mil reais. Essa é a estimativa mínima de dinheiro que traficantes da Vila Cruzeiro e do Alemão, na zona norte do Rio, perderam em apreensões de armas e drogas feitas pelas polícias civil e militar desde quinta-feira até esta segunda-feira (29).

Os cálculos foram baseados na arrecadação mínima da venda de maconha e cocaína, além do prejuízo com a perda de armamentos, que são obtidos pelos traficantes por um preço até 10 vezes maior que a venda comercial para as forças armadas.

O maior golpe das polícias foi em um dos principais produtos de lucro dos traficantes: a maconha. Em cinco dias, foram apreendidos 36,250 toneladas da droga, uma perda de, no mínimo, R$ 18,125 milhões em venda.

De acordo com o titular da Dcod (Delegacia de Combate a Drogas), Pedro Medina, um quilo da droga prensada, no varejo, pode ser vendido de R$ 500 a R$ 2 mil. “Um tablete de maconha pesa cerca de um quilo. Se misturado a outras substâncias, esse mesmo quilo pode render cinco da droga. O preço varia de acordo com a pureza da maconha”, disse.

Ainda de acordo com o policial, que está há dois meses a frente da especializada, a cocaína é o entorpecente que tem a maior relação de quantia e lucro. O faturamento de um quilo da droga, após ser vendido nos chamados sacolés, varia de R$12 mil a R$ 15 mil.

Durante as operações, foram apreendidos 285 quilos de cocaína, ou seja, o tráfico deixou de arrecadar, calculando como base o preço do quilo a R$ 12 mil , R$ 3, 420 milhões.

Segundo Medina, não é possível fazer uma estimativa do lucro mensal do tráfico de drogas, mas as apreensões e a perda do território foram determinantes para desarticular um ciclo de violência. “Com essas apreensões eles não têm dinheiro para comprar armas e, assim, não tem poder para subjugar moradores”, afirmou.

Perda de R$ 2 milhões em armamentos

De quinta-feira (25) até o último domingo, foram apreendidos: 22 fuzis; 2 metralhadoras; 9 submetralhadoras; 6 espingardas; 1 carabina; 24 armas de pequeno porte, como pistolas e revólveres; além de 120 granadas.

Policiais da Drae (Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos) afirmaram ao iG que o preço das armas no chamado mercado negro é bem maior do que o preço real do armamento. De acordo com um dos inspetores, que obteve as informações através de escutas telefônicas, o preço é calculado tendo como base o fuzil calibre 762.

Um fuzil desse porte é vendido para as Forças Armadas por cerca de R$ 10 mil. Mas no tráfico de armas, uma arma dessas varia de R$ 50 mil a R$ 70 mil”. Segundo o inspetor, que não quis se identificar, o preço do fuzil é usado como base porque é a arma de grande porte de mais fácil manejo para o traficante.

“Além disso, principalmente os bolivianos e colombianos, principais fornecedores do armamento, levam em conta o deslocamento da arma e o risco de serem presos com a entrada ilegal do armamento no País”. O preço também varia de acordo com o ano de fabricação do fuzil e a quantidade comprada.

De acordo com o inspetor, tendo como base o preço do fuzil, o restante do armamento é comprado de acordo com a potência. “Em uma metralhadora o tráfico paga cerca de R$ 70 mil, já em uma submetralhadora de R$ 30 mil a R$ 50 mil. Já as armas de pequeno porte custam o dobro ou triplo do preço do mercado. Uma pistola é vendida por R$ 6 mil, já uma granada, adquirida pelo preço normal de R$ 800, no mercado negro chega a R$ 2 mil”, afirmou.

Nesta segunda-feira, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, pediu ao Ministério da Defesa para que as Forças Armadas permaneçam por até sete meses no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro. A Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro disse que o objetivo é que os militares continuem no complexo de favelas até o próximo semestre, quando é prevista a instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).


Bruna Fantti, iG Rio de Janeiro | 29/11/2010 21:41

domingo, 28 de novembro de 2010

Traficantes da Rocinha estariam montando barricadas contra possível invasão da polícia





O Globo


RIO - O Setor de Inteligência da Secretaria de Segurança está investigando, juntamente com policiais militares do Serviço Reservado da PM (P2), as denúncias de moradores da Favela da Rocinha de que traficantes estariam fazendo barricadas e trincheiras, em pontos da favela, contra uma possível invasão da polícia na região.

O tráfico da Rocinha também estaria com bananas de dinamite, que foram roubadas ou desviadas de clientes da empresa Dinacon Indústria e Comércio, localizada em Estrela, Rio Grande do Sul.

Em entrevista coletiva domingo, o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, mandou um recado aos traficantes de áreas que ainda não foram ocupadas pela polícia:

- O estado do Rio de Janeiro tem (o setor de) Inteligência. E, se chegamos ao Alemão, vamos chegar à Rocinha, vamos chegar ao Vidigal e assim por diante...

Moradores denunciaram que um bom número de criminosos fugidos do Alemão e da Vila Cruzeiro já está na Rocinha. A Travessa do Valão, um dos principais acessos à comunidade, foi bloqueada por uma barricada de mais de um metro, feita com grades de ferro, galões de gasolina e blocos de cimento. Vários homens armados estão ocupando o Valão e a Via Apia. ]

Policiais da Inteligência estão há 4 dias na favela

Policiais da P2, disfarçados, estão há quatro dias na favela fazendo um levantamento. Atualmente, a SSP investiga de dois a três casos de desvios de dinamite de empresas e pedreiras. O clima na Rocinha foi tranquilo, e a Polícia Militar intensificou o patrulhamento na Avenida Niemeyer e em São Conrado. Sábado havia um clima de apreensão em torno da Rocinha porque o traficante Fábio Atanásio, o FB, estaria refugiado na região. Moradores negaram que o traficante da Penha esteja na Rocinha. Parte do comércio abriu as portas, principalmente nas ruas próximas à Autoestrada Lagoa-Barra.

Sábado, durante incursão na Vila Cruzeiro, na Penha, a Polícia Civil encontrou 32 bananas de dinamite, equivalente a 26 quilos. Segundo as investigações, o material seria usado em ataques a ônibus ou carros.

O setor de Inteligência já sabe que as dinamites achadas na Penha e em Madureira anteriormente foram fabricadas pela Dinacon Indústria e Comércio. Na quinta-feira, um gerente da empresa confirmou que o artefato pertencia à fábrica, mas que, provavelmente, tinha sido desviado ou roubado de algum cliente. No início da semana, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, negou que a polícia carioca estivesse procurando um caminhão roubado no último dia 10 com 600 quilos de dinamite, que seriam usados em atentados no Rio. Investigadores da SSP confirmaram, ontem, mais uma vez, que as apurações sobre a dinamite continuam.

- Durante a noite, já vimos homens armados fazendo buracos perto da Rua 2. O grupo parecia muito nervoso. Mais tarde denunciamos o caso ao Disque Denúncia. Estamos preocupados - disse uma moradora da favela, ontem, que ligou para o jornal denunciando a história.

Ela confirmou que traficantes orientaram a comunidade a comprar velas e fósforos, já que a iluminação da rua seria cortada em caso de invasão.
- Eles estão rápidos. Continuam cavando buracos e instalando barreiras para uma eventual invasão da polícia - concluiu a moradora.

Um morador também contou que, depois de um tempo sumido, o traficante Nem voltou à favela. Agora, como cabelos e barba crescidos e mais forte.

O chefe do Esquadrão Antibombas, inspetor João Valdemar, confirmou que o Setor de Inteligência da SSP está levantando a procedência das bananas de dinamite.

-- Estão fazendo um levantamento dos desvios de dinamite de pedreiras e das empresas fabricantes. A quantidade achada anteontem na Penha poderia destruir um prédio de dez andares. Os criminosos que colocaram a dinamite em Madureira não souberam fazer o detonador - explicou ele, que confirmou, ainda, que a numeração das bananas de dinamite está sendo analisada pelo SSP.

Milhares de quilos de explosivos roubados

As polícias carioca e paulista continuam apurando um assalto no dia 2 de setembro, quando cinco bandidos levaram, na Rodovia Fernão Dias, em São Paulo, um caminhão com 2.350 kg de explosivos. Oito dias depois, a Polícia Civil de São Paulo recuperou na capital paulista 1,5 tonelada de explosivos. As polícias paulista e carioca investigam também o roubo de uma carga de explosivo no dia 10 numa pedreira em Jundiaí. Outro caso ocorreu em Gravataí (RS), de onde foram levados 300 quilos de dinamite.

sábado, 27 de novembro de 2010

Braço direito do chefe do tráfico no Complexo do Alemão se entrega à polícia







RIO - O traficante Diego Raimundo da Silva dos Santos, conhecido como Mister M, braço direito do chefe do tráfico no Complexo do Alemão, se entregou na tarde deste sábado à Polícia Militar. Ele já foi levado para a 6ª DP (Cidade Nova).

Mister M era o braço direito de Luciano Martiniano da Silva, o Pezão. Mister M é acusado de, em 2008, ter participado da morte de Antônio Ferreira, o Tota, que até então controlava o tráfico na favela.

Essa foi a segunda baixa importante entre os chefes do tráfico no local. No meio da tarde, a Polícia Civil já havia prendido Edson Souza Barreto, conhecido como Piloto, segurança do traficante Fabiano Atanázio da Silva, o FB, um dos chefes do Complexo do Alemão. No momento da prisão, o traficante segurava uma bandeira com a palavra Paz escrita.

Por volta das 15h50m, o coordenador do AfroReggae, José Junior, anunciou pelo Twitter que começava a acontecer as primeiras rendições de traficantes no Complexo do Alemão. O comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar, tenente-coronel Waldir Soares Filho, que também está no Alemão, no entanto, não confirma a informação de rendição, publicada por José Júnior.

No início da tarde, o comandante da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, deu o ultimato aos traficantes do Complexo do Alemão para que se entreguem e baixem as armas. O relações-públicas da Polícia Militar, coronel Lima Castro, informou em entrevista ao RJTV neste sábado que a PM criou uma estrutura na Rua Joaquim Queiroz, esquina com a Estrada do Itararé, no Complexo do Alemão, para que os traficantes se entreguem.

O comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar, tenente-coronel Waldir Soares Filho, que também está no Alemão, no entanto, não confirma a informação de rendição, publicada por José Júnior.

- Já existe um esquema para que essas pessoas se entreguem. É uma oportunidade que a gente está dando - disse Lima Castro. Não vamos recuar da decisão de pacificar o Rio. - Estamos chegando aos momentos finais para alcançar os traficantes que estão no Alemão - acrescentou.

De acordo com ele, a rendição será feita da maneira como foi determinada pelo comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte. Em caso de rendição, os traficantes chegarão com os fuzis sobre a cabeça, entregarão as armas e serão revistados. A Rua Joaquim Queiroz fica próximo à Estrada do Itararé.

Por volta do meio-dia deste sábado, o coordenador da ONG AfroReggae, José Júnior, chegou ao Complexo do Alemão com mais cinco pessoas, para conversar com traficantes. Momentos após Júnior subir o Alemão pela Rua Joaquim Queiroz, sem o acompanhamento de policiais, traficantes efetuaram vários disparos do alto do morro. Houve correria e pessoas que passavam pela Avenida Itararé procuraram abrigo.

De acordo com o comandante da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, a polícia não voltará atrás na operação e tem equipamentos suficientes para entrar no Complexo do Alemão para tomar o território. Mário Sérgio alertou os moradores da área para que não saiam de casa e procurem se abrigar no momento em que a polícia entrar na comunidade.

- A população de bem, nós queremos protegê-los, sem causar danos. Pedimos para a população se manter abrigada e não sair nas ruas. Quem transitar nas ruas e vielas vai ficar sob o risco de fogo - disse o comandante.

Após o pedido do comandante, cerca de 50 famílias deixaram o morro. São famílias inteiras, que levaram bolsas, travesseiros, ventiladores e até cachorro. Sem se identificar, eles dizem que estão saindo do morro por causa da guerra.
Desde segunda-feira, 74 pessoas foram presas, 123 detidas e 35 mortas em todo o Estado do Rio. Foram apreendidos 46 revólveres e 11 fuzis.

Mulher presa com 30 mil dólares na mochila

Uma mulher ainda não identificada foi presa pelos militares do Exército - que revistam todos os pedestres que deixam o Complexo do Alemão - com cerca de US$ 30 mil na mochila. O dinheiro e a mulher foram entregues à Polícia Militar e encaminhados à delegacia. Os militares também revistam carros e até crianças. No momento, não há confrontos na região. O comércio na Penha está aberto, e o clima é de aparente tranquilidade. No início da manhã, traficantes trocaram tiros com militares. Segundo imagens divulgadas pela TV Globo, o tiroteio ocorreu na Avenida Itararé, em Ramos.

No fim da madrugada, dois homens e um menor ligados ao tráfico foram presos ao tentar deixar o Complexo do Alemão. Ricardo Severo, de 31 anos, o Faustão, e Tássio Fernandes Faustinho, o Branquinho, de 26 anos, foram detidos por volta das 4h na Rua Canitá. Segundo a Polícia, eles desobedeceram a ordem de parar num bloqueio do Exército e da Polícia Militar. Houve confronto. Branquinho foi baleado na coxa e Faustão, na barriga. Os dois foram atendidos no Hospital Getúlio Vargas. A Polícia informou que Branquinho era o contador do tráfico, o segundo homem na escala hierárquica do bando. Já Faustão seria o braço direito Fabiano Atanásio, o FB.

Tássio é suspeito de ter participado da tentativa de invasão ao Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, em outubro do ano passado. A ação terminou com a queda de um helicóptero da PM e provocou a morte de três PMs.
Desde sexta-feira, 800 homens do Exército reforçam o patrulhamento na área. Após a ocupação da Vila Cruzeiro pela Polícia Militar, na quinta-feira, mais de cem criminosos fugiram para o Complexo do Alemão.

Pelo menos três militares e seis civis ficaram feridos, na sexta-feira, na região do Alemão. Entre as vítimas, havia uma criança de dois anos, atingida por um tiro de fuzil no braço esquerdo, dentro de casa. Ela foi atendida no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, e liberada. O fotógrafo Paulo Whitaker, da agência de notícias Reuters, também foi baleado no ombro.

O traficante apontado como um dos chefes do tráfico de drogas no Alemão morreu. Outras duas pessoas também morreram durante os confrontos na região, segundo a Polícia Civil. Em um balanço da Polícia Militar, já são 35 os mortos nos confrontos entre policiais e traficantes na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão desde segunda até esta sexta-feira.


http://oglobo.globo.com

Ana Cláudia Costa e Luiz Ernesto Magalhães - O Globo e TV Globo; Extra

Comandante da PM pede que moradores do Complexo do Alemão fiquem em casa




RIO - O comandante da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, deu um ultimato aos traficantes do Complexo do Alemão para que se entreguem e baixem as armas. Por volta do meio-dia deste sábado, o coordenador da ONG Afroreggae, José Júnior, chegou ao Complexo do Alemão com mais cinco pessoas, sem dizer o que foi fazer no local. Há informações ainda não confirmadas de que ele teria ido ao morro negociar a rendição de traficantes. José Júnior subiu o Alemão sem o acompanhamento de policiais.

De acordo com o comandante da PM, a polícia não voltará atrás na operação e tem equipamentos suficientes para entrar no Complexo do Alemão para tomar o território. Mário Sérgio alertou os moradores da área: pediu que eles não saiam de casa e procurem se abrigar no momento em que a polícia entrar na comunidade.

- A população de bem, nós queremos protegê-los, sem causar danos. Pedimos para a população se manter abrigada e não sair nas ruas. Quem transitar nas ruas e vielas vai ficar sob o risco de fogo - disse o comandante.

De acordo com o balanço divulgado pela PM, desde o início da semana, 74 pessoas foram presas, 123 detidas e 35 mortas. Foram apreendidos 46 revólveres e 11 fuzis.

Mulher presa com 30 mil dólares na mochila

Uma mulher ainda não identificada foi presa pelos militares do Exército - que revistam todos os pedestres que deixam o Complexo do Alemão - com cerca de US$ 30 mil na mochila. O dinheiro e a mulher foram entregues à Polícia Militar e encaminhados à delegacia. Os militares também revistam carros e até crianças. No momento, não há confrontos na região. O comércio na Penha está aberto, e o clima é de aparente tranquilidade. No início da manhã, traficantes trocaram tiros com militares. Segundo imagens divulgadas pela TV Globo, o tiroteio ocorreu na Avenida Itararé, em Ramos.

No fim da madrugada, dois homens e um menor ligados ao tráfico foram presos ao tentar deixar o Complexo do Alemão. Ricardo Severo, de 31 anos, o Faustão, e Tássio Fernandes Faustinho, o Branquinho, de 26 anos, foram detidos por volta das 4h na Rua Canitá. Segundo a Polícia, eles desobedeceram a ordem de parar num bloqueio do Exército e da Polícia Militar. Houve confronto. Branquinho foi baleado na coxa e Faustão, na barriga. Os dois foram atendidos no Hospital Getúlio Vargas. A Polícia informou que Branquinho era o contador do tráfico, o segundo homem na escala hierárquica do bando. Já Faustão seria o braço direito Fabiano Atanásio, o FB.

Tássio é suspeito de ter participado da tentativa de invasão ao Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, em outubro do ano passado. A ação terminou com a queda de um helicóptero da PM e provocou a morte de três PMs.

Desde sexta-feira, 800 homens do Exército reforçam o patrulhamento na área. Após a ocupação da Vila Cruzeiro pela Polícia Militar, na quinta-feira, mais de cem criminosos fugiram para o Complexo do Alemão.

Pelo menos três militares e seis civis ficaram feridos, na sexta-feira, na região do Alemão. Entre as vítimas, havia uma criança de dois anos, atingida por um tiro de fuzil no braço esquerdo, dentro de casa. Ela foi atendida no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, e liberada. O fotógrafo Paulo Whitaker, da agência de notícias Reuters, também foi baleado no ombro.

O traficante apontado como um dos chefes do tráfico de drogas no Alemão morreu. Outras duas pessoas também morreram durante os confrontos na região, segundo a Polícia Civil. Em um balanço da Polícia Militar, já são 35 os mortos nos confrontos entre policiais e traficantes na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão desde segunda até esta sexta-feira.

Fuzileiro Naval é espancado por traficantes em Costa Barros

O recruta Natan da Silva Lima, 19 anos, do corpo de Fuzileiros Navais, chegou ferido na 39ª DP (Pavuna) na madrugada deste sábado, alegando ter sido agredido após um assalto. Segundo a polícia, o amigo do militar, identificado como João Vitor Vieira Nascimento, teria desmentido a versão do colega. Segundo ele, Natan foi espancado por traficantes do Morro do Chapadão, em Costa Barros.

De acordo com João Vitor, o militar teria ido ao morro comprar drogas, mas os bandidos descobriram a identidade do fuzileiro. Os dois abandonaram a moto no local e fugiram. A motocicleta foi recuperada pela polícia, e os dois levados para o Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes.

Srs. Presidentes de CCS





Neste momento especial em que o Estado do Rio de Janeiro, através das organizações policiais e militares vem, com profissionalismo, bravura e união, combatendo e prevenindo as ações delitivas praticadas por criminosos, que objetivam desestruturar a paz e a tranqüilidade de toda a população, queremos trazer palavras de fé, coragem, determinação, apoio, esperança, conquista e credibilidade nos órgãos de segurança pública, para que possamos exercer com plenitude a nossa cidadania.

Contamos com os Conselhos Comunitários de Segurança para levar às suas comunidades locais, através das reuniões de CCS e de outras formas de veiculação de grande alcance, que todos nós estamos imbuídos e comprometidos com a segurança pública do nosso maravilhoso Estado do Rio de Janeiro e que a população deve manter a calma, o equilíbrio e o controle emocional, acreditando que estamos no caminho certo!

Um abraço fraternal a todos!

Coordenadoria dos Conselhos Comunitários de Segurança

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Seis áreas contrariam queda de homicídios no Estado do Rio




Cerca de 17 mil velas representam os homicídios ocorridos no Rio em pouco mais de dois anos, em protesto na Alerj.

Seis das 40 áreas Integradas de Segurança Pública (AISPs) do Rio de Janeiro não acompanharam a queda do número de homicídios do Estado. Enquanto o Rio como um todo reduziu em 25% os assassinatos entre janeiro e agosto (de 4.027 para 3.220), em relação ao ano passado, essas regiões assistiram a uma elevação nos casos, variando de 1,4% a até 100%.

Para efeito de estatística e de políticas públicas, a Secretaria de Segurança divide o Estado em 40 áreas (AISPs), que correspondem ao número do Batalhão de Polícia Militar local – por exemplo, a 1ª AISP corresponde ao 1º BPM (Estácio).

Os dois casos de aumento estatisticamente mais relevantes aconteceram na área central da capital. No Centro (5ª AISP), os homicídios dobraram, passando de cinco para dez até agosto; na 17ª AISP (São Cristóvão, Mangueira, Vasco da Gama e Caju), a elevação também foi alta, de 70% subindo de dez para 17.

Trata-se de áreas relativamente pequenas e sem tanto impacto na Segurança Pública, mas que refletem uma tendência negativa e inversa em relação ao geral. Somadas, as mortes nessas seis regiões correspondem a 15% do Estado no período.

Uma parte da zona oeste do Rio (Barra da Tijuca, Recreio, Grumari, Vargem Grande, Vargem Pequena e Camorim) viu aumento de 30% dos casos de homicídios dolosos (de 20, em 2009, para 26, este ano).

A área mais nobre da zona sul – que abrange os bairros do Leblon, Ipanema, Lagoa, Gávea, Jardim Botânico, São Conrado, além das favelas da Rocinha e do Vidigal – também teve aumento dos casos de homicídio.

Os números, porém, são baixos, e o aumento é residual em números absolutos, se comparados a outros bairros da capital. Enquanto em 2009 ocorreram quatro homicídios, este ano foram cinco (crescimento de 25%). Aumentaram na mesma proporção as tentativas de assassinatos no trimestre, embora no apanhado do ano tenha havido importante queda, de 38% (de 40 para 29).

Interior e região metropolitana

A região Norte do Estado (Macaé, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Conceição de Macabu, Carapebus e Quissamã), que cresce econômica e urbanisticamente devido a atividades relativas ao petróleo, assistiu também a um considerável aumento de homicídios e de tentativas. Os assassinatos subiram de 91 para 108 (18,7%), e as tentativas (de 81 para 126, equivalente a 55%).

Em São Gonçalo (7ª AISP) – município que responde sozinho por 8,8% dos assassinatos registrados no Estado –, houve discreta oscilação no número de casos (1,4%), passando de 279 para 283 episódios. As tentativas de homicídio, porém, cresceram 34%, de 108 para 145.

A Secretaria de Segurança informou que o homicídio doloso é um dos indicadores estratégicos do programa de metas de redução – a do primeiro semestre de 2010 era de 6,33%, superada com folga. De acordo com a assessoria de imprensa, a tendência é de redução de forma geral à medida que o programa de metas avance. Uma medida prevista para reduzir os assassinatos é a criação de duas novas unidades da Delegacia de Homicídios, provavelmente na Baixada Fluminense e em São Gonçalo.


http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

REUNIÃO MENSAL DO CONSELHO DE SEGURANÇA DA 7ª AISP SÃO GONÇALO/RJ





ACONTECERÁ NA PRÓXIMA QUINTA-FEIRA (25/11/2010), NA RUA FRANCISCO PORTELA, Nº. 2772 - BAIRRO ZÉ GAROTO, SÃO GONÇALO , no ICBEU ( INSTITUTO CULTURAL BRASIL ESTADOS UNIDOS ÀS 10:00H . A REUNIÃO MENSAL DO CONSELHO COMUNITÁRIO DE SEGURANÇA DA 7ª AISP( AREA INTEGRADA DE SEGURANÇA PÚBLICA). A REUNIÃO TEM POR OBJETIVO DISCUTIR AS QUESTÕES LIGADAS A SEGURANÇA DENTRO DO MUNICÍPIO E É ABERTA PARA TODOS QUE SE INTERESSEM PELO ASSUNTO.

domingo, 21 de novembro de 2010

Estado fechará 2010 com 2.500 PMs de volta





RIO - Uma antiga queda de braço entre a Secretaria de Segurança Pública e outros órgãos públicos em torno da volta de PMs emprestados está prestes a chegar ao fim. Ao assumir a pasta, há quatro anos, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, prometeu que cerca de cinco mil PMs retornariam à corporação. Ele pretende fechar o ano com aproximadamente 2.500 policiais de volta, incluindo os 40 ainda cedidos à Polícia Civil.

Apesar dos convênios firmados entre estado e instituições que pagam pelo serviço dos PMs, Beltrame não abre mão do retorno deles - os casos recentes de arrastões e de veículos incendiados por criminosos mostram o déficit de homens no policiamento ostensivo. Os contratos são amparados pelo decreto 41.687, de 11 de fevereiro do ano passado, assinado pelo governador Sérgio Cabral, que estabelece a cessão dos policiais sem ônus para o estado.

" Preciso planejar a segurança, e é inadmissível que não se saiba exatamente quantos PMs há e onde eles está

- Quem estiver fora de casa terá que voltar - disse Beltrame. - Não há mais o argumento de que falta gente nesses lugares. Ao longo dos últimos quatro anos, a Polícia Civil, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e outros órgãos fizeram concursos. Logo, os PMs têm que voltar às suas origens.

Comandante faz estudo sobre policiais cedidos O Tribunal de Justiça, o Ministério Público, a Alerj, a Seap e as prefeituras são alguns dos órgãos que têm convênios com o estado. O secretário determinou ao comandante da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, que fizesse um levantamento do número de policiais cedidos, quanto o estado recebe por eles e se os convênios vêm sendo cumpridos. O estudo deve ser concluído esta semana.

- Preciso planejar a segurança, e é inadmissível que não se saiba exatamente quantos PMs há e onde eles estão. Com essa planilha na mão, vou exigir o retorno de mais policiais. Vou analisar caso a caso e apresentar ao governador. Temos uma série de concursos programados ano que vem para as polícias, portanto não se justifica que a Polícia Civil ainda tenha PMs. Isso está com os dias contados. Eles vão ter que voltar até dezembro - garantiu o secretário.

O chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, disse que agora é a hora de os PMs retornarem:

- Nesta nova fase da segurança pública, chegou-se à conclusão de que é hora de eles voltarem à PM, onde vão poder oferecer a experiência adquirida aqui conosco.
Há informações de que alguns PMs temem sofrer represálias por parte dos colegas quando voltarem aos quartéis - alguns são estigmatizados no retorno, sendo vistos como informantes da Polícia Civil.

Estado vai exigir declaração de patrimônio de policiais

O TJ, o MP e a Alerj informaram que os pagamentos pela cessão dos policiais estão sendo feitos regularmente ao estado. No caso do TJ, o convênio foi renovado no ano passado, e a última parcela, de R$ 241 mil, paga no dia 10 passado (o dinheiro seria destinado à formação e à qualificação de PMs). Atualmente, o MP tem 200 policiais nos Grupos de Apoio aos Promotores (GAPs). No município do Rio, só a Secretaria de Ordem Pública (Seop) tem 25 policiais. Entre os órgãos de onde os PMs retornaram, a Seap devolveu o maior número: 467.

Outra promessa feita pelo secretário também está a um passo de ser concretizada: a sindicância patrimonial dos policiais civis e militares. Em 15 de julho deste ano, o governador, por meio do decreto 42.553, tornou obrigatória a declaração anual de bens e valores que compõem o patrimônio dos agentes. Beltrame se reunirá quarta-feira com o secretário de Planejamento, Sergio Ruy Barbosa, para pôr em prática a nova exigência.

- Não podemos aceitar policiais com bens incompatíveis com a sua renda.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Conselhos comunitários se queixam da falta de policiamento

A redução do policiamento os- tensivo em cidades da Região Metropolitana se tornou a
maior preocupação dos conselhos comunitários de segurança — grupos de representantes da sociedade civil criados pela Secretaria estadual de Segurança para, entre outras funções, avaliar o patrulhamento em seus municípios. A causa do problema seria o fato de boa parte dos policiais que integram as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) de Copacabana, do Centro e da Grande Tijuca
ter saído de Cabo Frio, Nova Friburgo, Volta Redonda, Teresópolis e Itaperuna. Eles se inscreveram para as mil vagas destinadas, por edital, ao interior e à Baixada Fluminense, mas foram realocados devido ao projeto implantado em favelas do Rio. Vários entraram na Justiça pleiteando o re-
torno às suas unidades de origem.

— Na UPP do Cantagalo, há moradores de Volta Redonda, Teresópolis e Itaperuna. Eu também não
moro no Rio e gasto quatro horas por dia para chegar ao trabalho. Mas há casos piores — diz, sob condição de anonimato, um dos policiais que recorreram à Justiça.

Ao negar um recurso do governo estadual contra uma decisão favorável a um soldado, a 8 Câmara Cível do Tribunal de Justiça justificou a decisão com base no edital de concurso no qual ele foi aprovado — segundo o documento, os 50 primeiros colocados de cada unidade da PM teria o direito de permanecer nela nos primeiros oito anos de carreira.

No último dia 24, o traficante Vinícius Anselmo da Luz determinou um ataque a uma festa de rua, em São João de Meriti. Sete pessoas foram mortas e 11 ficaram feridas. A tragédia mostra que a violência não dá trégua na Baixada Fluminense. A presidente do conselho de segurança da cidade, Mírian Rodrigues, reclama da falta de policiamento na região, que tem 16 municípios e cerca de 3,5 milhões de habitantes:

— Organizações internacionais estabelecem que o ideal é ter um policial para cada 250 habitantes.
Porém, na Baixada, a relação é de um PM para cada dez mil. O pior é que, como a região tem grandes acessos, incluindo a Linha Vermelha e a Via Dutra, acaba sendo rota natural de fuga de muitas quadrilhas.

São Gonçalo: baixo índice de PMs A situação também é preocupante em São Gonçalo. Na Praça Agenor Martins, onde deveria estar instalado um polígono de segurança, não havia, na última quinta-feira, sequer uma patrulha da PM.

— Às vezes, policiais aparecem, ficam 20 minutos na praça e vão embora — conta a dona de uma mercearia invadida no mês passado por bandidos.

O 7 BPM, responsável pela segurança de um milhão de habitantes de São Gonçalo, tem menos de 600 policiais — metade do efetivo de dez anos atrás. A escassez levou a deputada estadual Graça Mattos (PMDB) a pedir ao secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, a permanência, no município, de 60 PMs que estão sendo formados no batalhão. Para o presidente do Conselho Comunitário de Segurança de São Gonçalo, José Antonio Borges, é possível perceber a chegada
de traficantes de outras cidades em favelas locais:

— A comunidade de Três Campos, em Trindade, foi ocupada por uma quadrilha de traficantes do
Rio — afirma Borges.

Segundo ele, a iminente abertura de um shopping na cidade, que deverá receber cerca de 60 mil pessoas por dia, merece atenção especial por parte das autoridades.

— Se não houver aumento de policiamento, esse movimento atrairá criminosos — diz Borges.

O presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Nova Friburgo, Rodrigo Guimarães, informou que o batalhão da cidade, o 11 BPM, tem 502 homens para garantir a segurança de 276 mil habitantes de oito municípios — o que corresponde a um policial para cada 550 moradores.

— Não se pode guarnecer a capital e desguarnecer o interior. O projeto de pacificação é importante, mas, para aumentar o efetivo do Rio, o governo deve fazer concursos específicos para moradores da cidade, deixando os policiais de outros estados em suas cidades. Nova Friburgo é historicamente pacífica. Nosso temor é que, por conta da falta de reposição de efetivo, a cidade se torne campo
fértil para bandidos — reclama.

De acordo com Guimarães, 52 policiais recém-formados no 11 BPM foram transferidos para a capital.

— Eu, outros integrantes do conselho tivemos uma reunião com o comandante-geral de Polícia Militar, coronel Mário Sérgio. Ele nos prometeu que, assim que uma turma em formação no Rio concluir o curso, os 52 policiais formados no 11 BPM voltarão para cá. Policiais nascidos na região estão mais compromissados com a segurança local, pois conhecem os moradores, têm um carinho especial pelo lugar onde nasceram — afirma Guimarães.

O presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Cabo Frio, José Maria Brinckmann Filho, também quer a volta de pelo menos metade dos policiais formados no 25 BPM. A unidade atende a sete municípios — de Saquarema a Búzios— e conta com 720 policiais para 530 mil habitantes, uma média de um PM para 733 moradores.

— Estamos lutando para que os policiais fiquem aqui, pois é grande a carência de PMs na região. Precisamos que haja um efetivo fixo de mil policiais, durante o ano, subindo para 1.300 homens no período de férias, quando a população aumenta muito — diz.

Em Niterói, após uma reunião com o comandante do 12 BPM (Niterói), tenente-coronel Ruy França,
os vereadores do município decidiram fazer uma indicação legislativa para que os 49 recrutas em formação na região continuem a trabalhar como soldados do batalhão. O pequeno efetivo da PM na cidade foi a principal crítica dos parlamentares, que consideram pequeno o efetivo (750 policiais) destinado às regiões de Niterói e Maricá.

—- O aumento do efetivo da PM é a nossa meta. Além da indicação legislativa, que será enviada ao prefeito Jorge Roberto Silveira e ao governador Sérgio Cabral, vamos pedir uma audiência com o secretário de Segurança — conta o presidente da Câmara, o vereador Paulo Bagueira, que defende um efetivo de 1.400 policiais para o 12 BPM.

Em nota, o comando de Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que o governador Sérgio Cabral pretende aumentar o efetivo da PM em 50% até 2016. Hoje, a tropa é de 39.096 homens. “Recentemente, foram incorporados à instituição 1.279 novos policiais. Haverá novo
concurso para preenchimento de 3.600 novas vagas”, diz a PM.


Por Elenilce Bottari, do GLOBO

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O perigo do crescimento das milícias

É preocupante, mas não chega a ser uma surpresa, a informação de que as milícias avançam num ritmo que já as deixa à frente da principal facção do tráfico de drogas na disputa pelo controle das comunidades mais pobres do Rio. De surpreendente no mapeamento publicado domingo no GLOBO - mostrando que, das 250 maiores favelas do estado, os milicianos dominam 105, contra 55 subjugadas pelo maior grupo de traficantes - é a constatação de que nem mesmo a prisão dos principais chefes das milícias freou a expansão dos bandos paramilitares.

Milícias e grupos de traficantes de drogas compartilham identidades: são bandos independentes, atuam em regiões mais ou menos definidas e subjugam as comunidades pelo poder de coerção da violência. Mas as quadrilhas paramilitares têm, em relação aos rivais do tráfico, um viés particular que lhes confere um grau a mais de periculosidade, que é a atuação de agentes públicos no crime, uma traição à sociedade que os sustenta.

Este é um dos aspectos mais preocupantes das milícias. Não há dúvida de que servidores com laços no poder público sabem se valer da privilegiada condição funcional para agir com a desenvoltura de quem não teme ser apanhado pela lei. Eles conhecem caminhos e têm ligações dentro das repartições - notadamente as policiais - capazes de lhes conferir impunidade. Outro viés inquietante é a já notória infiltração de pessoas ligadas às milícias no Poder Legislativo, de que são prova inconteste os ex-parlamentares Natalino e Jerônimo Guimarães, dois irmãos presos sob acusação de chefiar um dos grupos paramilitares em ação na Zona Oeste do Rio.

Por tudo isso, o combate aos grupos paramilitares precisa ser encarado como uma guerra especial. Neste particular, devem ser vistas com atenção as propostas do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que presidiu na Alerj a CPI das Milícias. Como providência prioritária, ele defende mudanças no Código Penal, de modo a tipificar o crime de participação em milícia e, assim, tornar as penas mais duras para esses criminosos.

Hoje, um miliciano preso é condenado por formação de quadrilha, crime com pena máxima de seis anos de detenção. Há ainda outras medidas que, segundo ele, ajudariam a inibir a desenvoltura dos grupos paramilitares, como licitar o transporte alternativo e aumentar o número de fiscais da Agência Nacional de Petróleo para evitar a cobrança de ágio no botijão de gás - sabidamente, dois dos mais rentáveis "negócios" das milícias.

O fundamental é que o poder público tenha uma estratégia de ação que leve em conta as particularidades desses grupos, e que ajude a enterrar de vez a visão - ingênua e equivocada por vezes, mas seguramente como expressão de má-fé quando defendida por autoridades - de que, comparados com o tráfico, os grupos paramilitares seriam um mal menor. Afrontas à sociedade não têm gradação que as atenue. Tanto quanto o tráfico, as milícias são uma ameaça, com o agravante de que se expandem apoiadas na inépcia do poder público e no braço podre de instituições.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Entrevista com Paulo Storani


Paulo Storani é mestre em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (2008). Pós-graduado em Administração Pública (2004), em Gestão de Recursos Humanos (2002), ambos pela Fundação Getúlio Vargas - RJ, e Treinamento Físico pela Universidade Gama Filho - RJ (1999). Curso de Operações Especiais, é Mestre de Tiro, possui cursos nos EUA e Israel. Foi Subcomandante do BOPE no Rio de Janeiro e consultor do Filme Tropa de Elite. Atualmente é professor da Universidade Cândido Mendes, pesquisador do Instituto Universitário de Políticas Públicas e Ciências Policiais da Universidade Candido Mendes - RJ e Secretário Municipal de Segurança Pública da Prefeitura de São Gonçalo - RJ.

Veja mais

Leia entrevista com o ex-sub-comandante do Bope e uma das figuras que inspirou o capitão Nascimento, de Tropa de Elite

Ele não para. Quando não está na sede do Viva Rio, no Rio de Janeiro, onde assumiu recentemente a função de coordenador de Segurança Humana, Paulo Storani está em alguma atividade pelo Brasil afora.

O sub-comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) – e uma das figuras que inspirou a construção do capitão Roberto Nascimento, personagem representado por Wagner Moura em Tropa de Elite 1 e 2 – é um inquieto. Está sempre “no limite” e usa essa energia para estimular pessoas a se superarem ministrando palestras motivacionais. Entre seus clientes estão empresas privadas e times de futebol.

Mestre em Antropologia Social e professor dos cursos de Pós-Graduação em Segurança Pública da UFRJ, Estácio de Sá e da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), Paulo Storani já percorreu uma longa trajetória na segurança pública. Foi secretário de Segurança Pública de São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro, assessor da Secretaria Rio 2007 para os Jogos Pan-americanos e diretor de Recursos Humanos da Guarda Municipal do Rio de Janeiro.

Conhece bem a realidade do Rio já tendo sentido na pele a violência do tráfico a quem combateu durante os quase cinco em que esteve no Bope. Hoje longe do confronto direto, Storani concorda que o tráfico não é mais a única ameaça à segurança do Rio de Janeiro.

Como mostra o filme Tropa de Elite 2, as milícias, organizações de poder paralelo formadas por policiais, ex-policiais, bombeiros, agentes penitenciários e integrantes das Forças Armadas, representam um enorme desafio à segurança pública do Rio de Janeiro. “Utilizando práticas de extorsão, os milicianos impõem a sua vontade sobre os moradores das comunidades onde se instalam e passam a ter um controle semelhante ao que o narcotráfico tem em outras regiões”, afirma.

De acordo com um levantamento feito pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas e Inquéritos Especiais (Draco) da Polícia Civil, de 250 comunidades mapeadas no Rio de Janeiro, mais de 100 são controladas pelas milícias. A corporação fez um mapa das comunidades de acordo com a organização que está presente, seja tráfico ou milícia. Ainda segundo a Polícia Civil, mais de 20% da população – ou 1,2 milhão de pessoas - vivem em favelas dominadas por traficantes de drogas.

As milícias utilizam muitas vezes ações tão ou mais violentas do que os narcotraficantes para manter seu domínio. “Os milicianos lançam mão do terror para implantar o medo e controlar as pessoas. É só ver a forma violenta que eles tratam aquelas pessoas que denunciam e que se posicionam contrárias à presença deles. As milícias dominam pelo medo”, completa. Como diria o capitão Nascimento, “o inimigo agora é outro”.

Como surgiu o conceito de milícia?

O conceito de milícia surgiu inicialmente em Rio da Pedras quando a própria comunidade se rebelou contra o narcotráfico que começou a se desenvolver e se implantar ali.

Estamos falando dos anos 1992/93, quando foram construídos conjuntos habitacionais populares na zona oeste do Rio de Janeiro e parte das casas foram ocupadas por policiais, bombeiros, agentes penitenciários e policiais civis. Quando o narcotráfico começou a buscar esse espaço para se implantar, esses policiais se uniram aos outros servidores públicos e criaram um patrulhamento local para evitar a ocupação daquele espaço pelos traficantes (o que o ex-prefeito César Maia chamou de auto-defesas comunitárias).

Na medida em que eles foram se estruturando, viram a necessidade de obter recursos para manter aquele tipo de atividade e acharam por bem começar a explorar determinadas atividades comerciais na comunidade como cobrar pela segurança, butijão de gás, e foi evoluindo para gatonet, controle do transporte alternativo, mototaxi.

E como isso chegou ao ponto em que se encontra hoje?

Os grupos começaram a cobrar essas taxas para se estruturar só que, em razão da dimensão das comunidades em termos de população, acabaram tendo muito recurso e isso traz um empoderamento muito grande. Esses grupos acabaram intervindo também nas relações sociais da comunidade estabelecendo um padrão e isso é uma forma de imposição.

A cobrança de qualquer taxa é uma forma de extorsão, no mínimo um constrangimento legal, que é crime, e começaram a impor a sua vontade e começaram a ter um controle semelhante ao que o narcotráfico tem em outras regiões.

Tropa de Elite 2 dá a entender que a ação da polícia em limpar as favelas cariocas do domínio do tráfico contribuiu para a instalação das milícias. Aconteceu assim ou as milícias já estavam presentes em algumas comunidades há mais tempo?

Não houve essa intenção, foi talvez um princípio de oportunidade, mas não teve uma relação direta. A ação da polícia em expulsar o tráfico e as milícias se instalarem não é uma regra, a mobilização de policiais para invadir determinadas favelas e tomar o poder do narcotráfico, se eles já não eram moradores, começou de cinco ou seis anos pra cá.

E o Estado não se deu conta do movimento de milicianos antes?

O Estado, inicialmente, e o poder público, de uma maneira geral, viram isso como um benefício porque partiram do pressuposto que eram moradores, policiais e bombeiros que estavam se mobilizando para proteger a própria comunidade. Então alguns políticos até apoiaram esse tipo de ação, às vezes dando apoio só em termos de discurso, outras vezes exercendo influência política. Como já foi provado pela CPI (das Milícias), já tivemos alguns políticos presos porque eles não só apoiavam politicamente como recebiam recursos financeiros da milícia para financiamento de campanhas e de centros comunitários em comunidades se tornaram currais eleitorais.

Em quais comunidades a milícia está presente hoje no Rio?

Elas estão presentes principalmente na Zona Oeste e Zona Norte. Na região que engloba Jacarepaguá, Recreio, Campinho e Vargem Grande, por exemplo, das cerca de 40 comunidades mapeadas pela Polícia Civil, apenas uma não é dominada pela milícia. Na Zona Norte, pelo menos 16 comunidades estão sob o poder dos milicianos. Em toda a Zona Oeste, de acordo com o levantamento da Polícia Civil, mais de 70 comunidades são dominadas pelas milícias.

Esse é um movimento típico do Rio ou acontece em outros estados?

Há notícias que em outros estados existam movimentos semelhantes, mas talvez não no mesmo modelo das milícias aqui do Rio de Janeiro, mas estão começando a surgir principalmente no nordeste

Porque as UPPs só estão presentes em comunidades que estão sob poder do tráfico e não das milícias?

Na verdade tem uma UPP que está presente em comunidade onde havia milícia, que é a do Batan, na Zona Norte. Mas não podemos achar que foi por conta de um planejamento da Secretaria de Segurança. Na época houve um episódio em que três repórteres de um jornal do Rio foram sequestrados e torturados por milicianos, o que pode levar a entender que teria sido uma resposta do poder público a esse crime.

E existe a possibilidade de se instalarem UPPs em comunidades dominadas pela milícia?

Segundo a Secretaria de Segurança Pública sim, mas o que se vê é que pela forma com que estão sendo ocupadas determinadas comunidades, são aquelas na Zona Sul ou próximas à Zona Sul, e que são consideradas comunidades-chave dentro de um contexto de planejamento para a Copa do Mundo e Olimpíadas.

As milícias estão quase que totalmente instaladas na Zona Norte e na Zona Oeste. Se isso vier a acontecer, com certeza vai ser por algum fato determinante ou por pressão da opinião pública, que o governo, como resposta, vai ocupar uma comunidade dominada pela milícia.

Quando o Estado desocupa uma comunidade do domínio do tráfico ou da milícia, pode acontecer de outro grupo tentar assumir o controle local?

Com certeza. O que é muito importante, não acontecer como ocorreu recentemente quando a Polícia Civil prendeu vários milicianos em Piedade, na Zona Norte do Rio, e houve um confronto entre os milicianos remanescentes e a facção criminosa que dominava anteriormente aquela região.

Ou seja, já havia uma situação mesmo que irregular instalada e quando houve a intervenção que era necessária, a mesma teria que ser complementada com uma ocupação pelo poder público. Intervir, enfraquecer, seja uma facção criminosa, seja uma milícia, e retrair, significa permitir que haja conflito naquele espaço e isso significa aumento de risco para aquelas pessoas que habitam naquela região. Então isso tem que ser feito com planejamento para que não ocorram graves conflitos.

Existe a crença de que a população aceita a milícia para se ver livre do domínio do tráfico. Isso é verdade ou um mito?

Na verdade, isso aconteceu no início quando a população circunvizinha às comunidades que viviam sob a égide daquela violência perpetrada pelos traficantes viram naquela condição uma troca favorável, que era a ocupação pela milícia e a saída do narcotráfico.

A milícia ocupando não tem confronto, a não ser que seja o narcotráfico tentando reocupar o local para reaver o controle. Fora isso não vai ter polícia atuando. Eu nunca via até agora troca de tiros entre milicianos e polícia ou a polícia invadindo comunidade ocupada por milícia. Então, diminui o confronto e o que as pessoas querem é paz, mas acabam tendo que pagar o preço por isso.

Mas a milícia tem práticas tão ou mais violentas do que o tráfico...

Na medida em que se tem o domínio da região e se quer implantar o poder, se lança mão do uso do terror como poder para implantar o medo e controlar as pessoas. É só ver a forma violenta que eles grupos de milicianos tratam aquelas pessoas que denunciam e que se posicionam contrárias à presença deles. Então, as milícias dominam pelo medo.

O senhor acha que existe a possibilidade de as UPPs, se não forem bem gerenciadas, dêem origem a novas milícias nas comunidades onde estão instaladas?

Existe essa possibilidade, não que os policiais irão se tornar milicianos, mas se as UPPs saírem ou não forem bem gerenciadas, vai haver uma disputa pelo espaço. Mas a possibilidade de os policiais sendo abandonados como aconteceu com os Destacamentos de Policiamento Ostensivo (DPO), os Postos de Policiamento Comunitário (PPC) e com os Grupamentos de Policiamento em Áreas Especiais (Gepae), existe a possibilidade de o policial ali naquela região de alguma maneira buscar formas indevidas de sustento explorando e cobrando por determinados serviços na própria comunidade e dominando determinados tipos de atividade econômica.

Por isso, necessariamente, deve haver um acompanhamento constante por parte do poder público da própria ação policial. Enquanto nós tivermos cuidado no processo seletivo do perfil dos policiais que estão ocupando essas comunidades, um treinamento direcionado à prátca de policiamento de proximidade das UPPs e um controle da performance desses policiais ao longo do tempo, não precisamos nos preocupar. Mas, a partir do momento em que esse projeto for enfraquecido ou esquecido pelo governo, existe sim essa possibilidade.

Em entrevista ao Comunidade Segura, o pesquisador Luiz Antonio Machado, do Iuperj, alertou para o perigo de as UPPs serem utilizadas para controle social nas comunidades. O senhor concorda?

Se considerarmos que o policiamento de proximidade que é o modelo de polícia comunitária utilizado nas UPPs, onde o policial convive com a comunidade e as informações vão chegar até os policiais muitas vezes para que eles tomem providência, se nós acharmos que isso é uma forma de controle social, eu tenho que concordar.

Agora, se é controle social em que os policiais são orientados para monitorar a vida das pessoas para intervir em determinadas situações, se isso for uma orientação institucional, que eu acredito que não exista isso, eu acredito que não. Vai depender da maneira como as pessoas definem controle social.

Entrevista realizada pela jornalista Shelley de Botton, do portal Comunidade Segura, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública

domingo, 7 de novembro de 2010

Moradores do Morro dos Macacos se reúnem com secretário de Segurança

Comunidade receberá a 13ª UPP do estado no próximo dia 30 de novembro. Reunião deste sábado (6) tratou de projetos para a favela de Vila Isabel.

Moradores do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, se reuniram na manhã deste sábado (6) com a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro para conversar sobre projetos para a comunidade.
Ocupado por policiais militares de quatro batalhões há cerca de 20 dias, o morro ganhará uma sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no final deste mês. A unidade atenderá ainda outras comunidades, como Pau da Bandeira e Parque Vila Isabel.
Segundo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, ele conversou com os moradores e disse que a ocupação policial precisa ser acompanhada por serviços que melhorem as condições de vida no lugar.

Na sexta (5), a secretaria havia confirmado que a UPP do Morro dos Macacos será inaugurada no dia 30 de novembro. Segundo a Secretaria, esta será a 13ª UPP do estado e vai atender a 12 mil moradores diretamente, além de outros 27 mil moradores do entorno.

Em nota oficial, a Secretaria de Segurança informou que também participará do encontro o comandante do Comando de Polícia Pacificadora (CPP), coronel Robson Rodrigues, o futuro comandante da UPP da comunidade, capitão Felipe Barreto, e representantes da Secretaria de Estado de Ação Social.

Ocupação

A ocupação no Morro dos Macacos começou no dia 18 de outubro. Cerca de 50 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) estiveram no Morro dos Macacos e também nas comunidades do Pau da Bandeira e Parque Vila Isabel, no mesmo bairro. Beltrame, já adiantou que as comunidades vizinhas ao Morro dos Macacos também serão pacificadas até o fim do ano.

De acordo com ele, a 14ª UPP irá contemplar os morros São João, Matriz e Quieto, que beneficiará também moradores do Engenho Novo, Grajaú e Tijuca.
A Secretaria pretende pacificar as áreas críticas do Rio até o fim de 2014. Ao final deste processo nas favelas da área do Morro dos Macacos, 44 comunidades estarão pacificadas e cerca de 245 mil pessoas serão beneficiadas direta e indiretamente pelo programa.

Cinturão da Zona Norte

A décima segunda unidade foi inaugurada no Morro do Turano, no Rio comprido, em setembro. E a décima primeira UPP foi instalada no Morro do Salgueiro, na Tijuca, também Zona Norte, que conta ainda com unidades no Borel, na Formiga e no Andaraí.

UPPs na cidade

As outras UPPs funcionam na favela Dona Marta, em Botafogo, no Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, entre Ipanema e Copacabana, no Chapéu Mangueira/Babilônia , no Leme, Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos, em Copacabana, todas na Zona Sul do Rio.

A Polícia Militar pacificou também as comunidades do Jardim Batam, em Realengo, e a Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, e o Morro da Providência, no Centro.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Turnowski diz que fiscalização a maus policiais será implacável





Chefe de Polícia Civil dá posse a novo corregedor e promete combate sem trégua contra agentes envolvidos com o crime


Rio - Fiscalização à conduta e atuação de policiais. Desta forma, o chefe de Polícia Civil, o delegado Allan Turnowski, pretende evitar outros incidentes envolvendo civis como no caso do juiz trabalhista Marcelo Alexandrino, baleado ao lado do filho e da enteada em Jacarepaguá, na Zona Oeste, no início do mês. Na manhã desta terça-feira, Turnowski esteve presente na posse de novos assessores da cúpula da instituição.

Turnowski afirmou também que ficará a cargo do novo corregedor interno, Gilson Emiliano Soares, o trabalho de fiscalizar o desempenho dos policiais durante o desempenho de suas funções. O chefe de Polícia Civil disse ainda que pretende dar prioridade ao trabalho técnico e de perícia em detrimento à política de enfrentamento.

Para que a nova missão do corregedor tenha sucesso, Turnowski promete ser implacável na fiscalização e já avisou que não vai mais tolerar desvios de conduta de policiais. O delegado promete punir exemplarmente os agentes envolvidos com o crime organizado, como a máfia das máquinas caça-níqueis, milícia ou mesmo tráfico de entorpecentes. O combate contra o vazamento de informações sobre operações também promete ser duríssimo.

De acordo com as novas regras, a corregedoria terá de cumprir metas de produtividade e desempenho. A fiscalização aos agentes nas ruas será diária. Para Turnowski a sociedade não tolera mais desvios de conduta e o mínimo que o servidor pode demonstrar é lealdade e cumplicidade. "Uma corregedoria forte levará a instituição a novos rumos", disse o chefe.


Agência O Dia

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

"Verdadeiro" capitão Nascimento diz que é mais feliz longe do Bope





A foto com a boina estampada pelo símbolo do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) do Rio de Janeiro, a caveira, foi até este ano, ironicamente, a menor das semelhanças entre o ex-comandante do Bope Rodrigo Pimentel e o capitão Roberto Nascimento, vivido pelo ator Wagner Moura no aclamado “Tropa de Elite”. Os conflitos familiares vividos por Pimentel ao longo de sua carreira na PM e o estresse de quem trabalha “no fio da navalha” diante da violência urbana da capital fluminense foram decisivos na composição do personagem principal do longa metragem do diretor José Padilha.

A inspiração que uniu os personagens da ficção e do mundo real, porém, termina em “Tropa de Elite 2”, quando o agora coronel Nascimento abre mão do seu objetivo de criar um substituto no comando do Bope e de dar mais atenção à sua esfacelada relação familiar para seguir à frente no combate aos “vagabundos”. Rodrigo Pimentel seguiu caminho inverso. Hoje o seu celular toca para atender pedidos de entrevistas e para organizar sua vida de comentarista de segurança pública, e não mais para largar a família em casa para liderar uma operação policial.

“Se eu estivesse na Polícia Militar, hoje, certamente estaria comandando um batalhão. É uma vida infernal. Ele leva um celular para casa e esse celular vai tocar no final de semana umas dez vezes. Eu curto muito os meus dois filhos, curto muito meu fim de semana. Sou mais feliz hoje”, confessa Pimentel, co-roteirista de “Tropa de Elite” e “Tropa de Elite 2”.

Nesta entrevista exclusiva ao UOL Notícias, Pimentel, agora uma espécie de antítese do protagonista da trama policial, explica também que, ao contrário de Nascimento, cujo lema que inspira seus comandados é de que a “guerra é a cura”, sua “válvula de escape” hoje é “falar sobre segurança pública, promover debates, falar com vocês aqui”.

Há dez anos longe da PM, e há quase um como comentarista de segurança do telejornal regional da Rede Globo, o RJTV, ele afirma também que “esporte, política, cultura, moda, isso sempre foi comentado e debatido em qualquer jornal do Brasil. Já na segurança pública a notícia sempre foi apresentada, jogada, e você acreditava naquilo”.

Além de roteirista, e comentarista, Pimentel também promove palestras pelo Brasil abordando o cenário da segurança pública fluminense. O principal assunto é a proliferação das milícias nas favelas e na política do Rio.

UOL Notícias - Neste “Tropa de Elite 2” o agora coronel Nascimento, vivido mais uma vez por Wagner Moura, não conseguiu largar o trabalho com segurança pública, ao contrário de você. Até que ponto as semelhanças se mantiveram?

Pimentel - Lógico que o capitão Nascimento tinha alguma coisa a ver comigo. Na história, eu fui buscar lembranças da minha passagem pelo Bope, da minha vida familiar, dos meus conflitos, mas nesse segundo filme está bem claro que é uma obra de ficção. Mas me inspirei em pessoas que existem. Eu busquei um amigo que comandou o Bope e depois foi subsecretário de inteligência; eu busquei a figura do subsecretário de inteligência, o coronel Romeu, que participou do governo [Anthony] Garotinho, participou da secretaria de Segurança Pública do [Marcelo] Itagiba, e eu tenho absoluta certeza de que ele fez o possível ali para sair daquela função de forma honrada e ética. Tenho certeza absoluta que ele conspirou para o bem. Então, a ideia de um coronel Nascimento cercado por corruptos, numa secretaria onde todos estavam focados em eleição, não é uma ideia tirada da cartola, isso aconteceu em um momento do Rio de Janeiro.

UOL - O filme traz a frase que guia a trajetória do coronel Nascimento e de todos que combatem a violência no Rio de Janeiro: “A guerra é a cura, é a válvula de escape”. Após 10 anos longe da PM, qual a sua válvula de escape hoje?

Pimentel - Minha válvula de escape hoje é falar sobre segurança pública, promover debates, falar com vocês aqui, isso é ótimo para mim, é minha válvula de escape hoje. A segurança pública precisa ser debatida, precisa ser comentada, analisada, eu falo todo dia no RJTV [da TV Globo] nessa linha, faço reflexões e o mais interessante é que esporte, cultura, moda, economia, política, isso sempre foi comentado e debatido em qualquer jornal do Brasil. Já na segurança pública a notícia sempre foi apresentada, jogada, e você acreditava naquilo. É o que o repórter policial falou, o que o coronel da PM disse, o que o delegado disse. Todo dia a gente poder falar de segurança, analisar fatos, é muito gratificante, é uma ótima válvula de escape.

UOL - É possível se falar tudo o que pensa sobre um tema delicado na maior emissora de TV do país?

Pimentel - Eu tenho toda e absoluta liberdade para falar sobre segurança pública na Rede Globo hoje, no RJTV. É um ótimo exercício, mas claro que é liberdade com responsabilidade. Eu tenho que apurar muito bem o fato.
UOL - Há três anos, o UOL fez uma entrevista na qual você revelou que largou o Bope após o nascimento do seu primeiro filho. Você imagina como seria a sua vida hoje se não tivesse tomado essa decisão?

Pimentel - Se eu estivesse na Polícia Militar, hoje, certamente estaria comandando um batalhão, talvez não o Bope, um batalhão de bairro. A vida de comandante de batalhão, ou de subcomandante, que eu também poderia estar desempenhando esta função, é uma vida meio infernal. É uma dedicação exclusiva para a atividade de comandante. Ele leva um celular para casa e esse celular vai tocar no final de semana umas dez vezes. Ele é acionado para qualquer tipo de evento de repercussão na área do seu batalhão, ele não tem tempo para viajar, ele não tem um final de semana com a família, é uma vida de privações em função do comando. Eu admiro todos os meus amigos que comandam unidades hoje. Talvez daqui dois, ou três anos eles coloquem a família em primeiro plano, mas quem comanda um batalhão hoje coloca a sua vida pessoal, afetiva e familiar em segundo plano.

UOL - Você sente falta da PM ou está mais feliz hoje longe deste trabalho?

Pimentel - É uma dedicação, é um estresse, é uma complicação, muita cobrança. Eu curto muito os meus dois filhos, curto muito meu fim de semana, todo o momento que eu posso estar com eles, conversando ou brincando, eu curto muito essa aproximação.

Eu acho que eu não teria oportunidade disso se eu tivesse permanecido na Polícia Militar ou na Secretaria de Segurança Pública. Eu acho que eu sou mais feliz hoje estando fora, refletindo sobre segurança, escrevendo livros, argumentos e roteiros.

UOL - Falando em roteiro, você teve participação na história do longa metragem. Na sua opinião, o Rio de Janeiro retratado aos brasileiros é atual ou de cinco, seis anos atrás?

Pimentel - Na minha opinião de argumentista, de quem escreveu o argumento do filme, o original da obra, é o Rio de Janeiro de pelo menos seis, sete anos atrás. Muita coisa ainda persiste hoje, é bem verdade, mas é só fazer uma rápida comparação com o número de milicianos presos. No governo passado, no governo [Anthony] Garotinho, cinco foram presos. No governo atual 480 milicianos foram presos. Então, apesar do crescimento da milícia no Estado, existe uma evidente preocupação maior do aparato policial, da Secretaria de Segurança Pública, com essa nova modalidade que é a milícia.

Eu entendo que seja uma preocupação pequena ainda, mas pelo menos existe essa preocupação. Mas outras analogias você pode fazer de "antes e de hoje". É a presença de candidatos a deputado federal, estadual, em favelas dominadas por milicianos.
UOL - No longa, é citada uma “queima de arquivo” que, no final das contas, regenera o sistema corrupto das milícias. Como combater, então, as milícias de forma definitiva?

Pimentel - Combater milícia não é fácil. Milícia você está combatendo deputados, vereadores da base do governo que possuem suas prerrogativas, suas imunidades, possuem suas articulações com o governo do Estado, com a prefeitura, então é algo muito difícil, que ninguém fez antes no Rio de Janeiro.

UOL - Por que é preciso um filme recordista de bilheteria para as pessoas se darem realmente conta da realidade que vivem ou viveram?

Pimentel - Uma boa matéria do jornal mais vendido do Rio de Janeiro, uma boa matéria de uma boa revista semanal vai atingir ali uma centena de milhares de cariocas e poucos brasileiros. Vai ficar restrito ao mercado do Rio. O filme Tropa de Elite é cultura de massa. Ele vai chegar a 10 milhões de pessoas, ele vai usar uma forma muito pedagógica que é o drama, que é a tragédia, que é o teatro.

Então fica muito mais fácil para você enxergar assim, do que numa coluna, num artigo de jornal. O relatório das milícias está pronto há um ano e meio [realizado pelo deputado estadual reeleito Marcelo Freixo]. Ele é público, está na internet, mas poucas pessoas acessaram. Pouca gente teve interesse. Com o filme fica tudo mais fácil. Com o filme, o cidadão que saiu para buscar uma diversão vai ter, além do entretenimento, a reflexão. Ele vai enxergar que ele pode ter votado em um deputado de uma daquelas máfias, que ele ainda pode estar votando em deputado daquelas máfias. Ele pode fazer melhor, pode cobrar uma nova política em relação a essas máfias.

UOL - O governador reeleito do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), já subiu em palanque com Jerominho e Natalino Guimarães, presos acusados de chefiarem milícias, além de homenagear em discurso o Álvaro Lins, também preso. Mesmo ele combatendo a milícia mais efetivamente, como você vê essa relação toda?

Pimentel - É evidente que o filme teve algum tipo de apoio do Estado, através da Secretaria de Cultura, tivemos apoio com os helicópteros da Polícia Civil, com as locações do Bope, com as locações do próprio gabinete do governador Sérgio Cabral, nós filmamos no gabinete dele. Então, eu entendo que se a carapuça servisse ao governo Sérgio Cabral o governo não nos apoiaria. A milícia é algo novo no cenário carioca, talvez seis ou sete anos. E, sim, todos os milicianos presos no Estado do Rio pertenciam a bases políticas de partidos do governo.

Então, todo político que ocupou cargo no executivo nos últimos 10 anos de alguma forma interagiu com milicianos, conversou com milicianos, porque eles pertenciam ao próprio governo. Eu confesso que, num primeiro momento, não só eu, mas outros policiais também entenderam a milícia como um "mal necessário". Não tinha condição de imaginar que a milícia em tão pouco tempo iria ser tornar algo mais perigoso que o tráfico de drogas, justamente por essa relação com a política.

UOL - Por retratar um governador corrupto, você acredita que se “Tropa de Elite 2” fosse lançado antes das eleições teria potencial para mudar o rumo do pleito ao governo do Estado?

Pimentel - Esse filme tinha um verdadeiro potencial não para dar a vitória ao [candidato do PV Fernando] Gabeira, mas para as pessoas poderem refletir mais sobre o assunto. Poderiam pensar: "Será que ainda existe uma ligação do atual governo com milícias?" Mas, sim, iria trazer também ao eleitor de periferia essa reflexão. "Meu deputado é ligado à milícia? Meu deputado é miliciano? O meu voto é de opressão?” Eu acho que essa reflexão iria trazer. Talvez ainda uma outra: a liberdade de uns candidatos circularem nessas áreas. Porque essas áreas, a exemplo das eleições de 2006, foram negadas a candidatos na eleição de 2010. Eu conversei com o deputado [estadual reeleito pelo PT e ex-ministro do Meio-Ambiente] Carlos Minc e uma equipe dele foi atacada na região de Sepetiba [zona oeste do Rio], uma área dominada pelo deputado [já indiciado] Jorge Babu, que foi investigado pela CPI das Milícias.

Uma outra equipe do Marcelo Freixo também foi atacada, em Campo Grande [também zona oeste do Rio], área dominada por dezenas de milicianos. Então, essa reflexão, se a área do meu bairro, será que a minha periferia, a zona oeste em particular, será que candidatos têm acesso privilegiado à minha região? Com certeza sim. Então o legado do “Tropa de Elite 2” é o exercício de reflexão, o exercício de pensar no voto, de exigir do governo do Estado uma nova política para o combate dessas máfias.

UOL - A milícia tem a capacidade de formar novos líderes?

Pimentel - Formação de novos líderes, não. Os líderes são estes aí que estão representados. Mas ela continua existindo. Um bom exemplo disso foi (...) uma operação em Rio das Pedras [zona oeste do Rio] feita pela Draco, que prendeu dois majores da PM. (...) Depois desta grande operação, eu fui à favela no dia seguinte e os moradores reclamavam que todas as taxas de proteção tinham dobrado de preço. O segundo escalão continuava cobrando taxas.

A população estava revoltada, a polícia veio aqui, prendeu os líderes, e eles continuavam reféns. Ou seja, o que não foi feito ainda, e essa é a maior cobrança que devemos fazer ao governo Sérgio Cabral hoje, é unidades pacificadoras em favelas de milícia. Por que não se aproveitou o êxito da operação e estabeleceu ali uma unidade pacificadora? A polícia sabia que o tráfico, assim, iria retornar. Assim, ela passa a ser uma ação burra, não é algo inteligente, pois você só está trocando a favela de um criminoso para outro, tirando do miliciano e dando para o traficante.

UOL - Qual a força das milícias hoje no Rio de Janeiro, na sua opinião?

Pimentel - O melhor número para se medir milícia no Rio de Janeiro, por incrível que pareça, é da Agência Nacional do Petróleo. A ANP calcula que 1,2 milhão de cariocas comprem botijões de gás superfaturados no Rio de Janeiro. Porque compra botijão de gás pagando algum tipo de sobretaxa para a milícia. E não é só favela, bairros inteiros que estão nas periferias das favelas também estão subjugados por essas organizações milicianas. A grande porrada na milícia foi concentrada há uns 10, 12 meses. Grandes lideranças milicianas foram presas no Rio de Janeiro e foi uma desorganização muito grande na milícia. Nestas eleições, os milicianos não conseguiram apresentar seus filhos, seus sobrinhos, seus irmãos como candidatos, mas muitos candidatos não milicianos e oportunistas ainda buscaram e compraram esses votos nestas regiões dominadas. Estabeleceram compromissos de campanha que serão cobrados futuramente.


André Naddeo
do UOL Notícias

Novo comandante da PM em São Gonçalo quer integração com Civil





Tenente-coronel Cláudio Luiz tomou posse na sede do 7º BPM e afirmou que pretende chamar os delegados da área para definir estratégias de atuação. Confira aqui a entrevista

O tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira assumiu ontem o comando do 7º BPM (São Gonçalo) prometendo colocar em prática as técnicas que aprendeu no Batalhão de Operações Especiais (Bope) para combater os altos índices de violência naquele município.

O “caveira” contará com efetivo de cerca de 600 homens para patrulhar a cidade, que tem mais de 1 milhão de habitantes, e seu principal desafio será reduzir o número de homicídios na região, que colocou o quartel em penúltimo lugar no ranking do Estado. Mas para ele, essa não é uma tarefa exclusiva da PM, pois argumenta que o controle da violência passa pela investigação, que é atribuição da Polícia Civil. Por isso, pretende chamar os delegados da área para conversar e definir estratégias de atuação.
“Peço à população da cidade que acredite no trabalho da polícia. Vamos nos empenhar para conhecer as principais necessidades do município e atuar de forma estratégica”, declarou ontem, durante solenidade de troca de comando, que contou com a presença do coronel Paulo Mouzinho, chefe do 4º Comando de Policiamento de Área (CPA).

Cláudio Luiz deixou o posto de subcomandante administrativo do Hospital da Polícia Militar (HPM), em Niterói, que será ocupado pelo tenente-coronel Roberto Gil. Além do Bope, o novo comandante do Batalhão de São Gonçalo possui experiência operacional adquirida em passagens pelo Serviço de Inteligência (P2) dos batalhões do Estácio (1º), Rocha Miranda (9º) e Olaria (16º).

Despedida – Ao deixar o comando do 7º BPM, o tenente-coronel Roberto Gil deu a ententer que faltaram melhores condições de trabalho, mas evitou polemizar.

“Não quero deixar meu posto lembrando de algumas dificuldades que encontramos para o desempenho de nossas funções. Também não preciso lembrar dos índices conquistados, pois esses já são sentidos pela população que vive aqui. Nesse momento, quero destacar a modernização vivida pela corporação nos últimos anos e o novo modelo de gestão, baseado no ser humano”, declarou.

‘Meu lema aqui será trabalhar’

O FLUMINENSE – Quais são suas expectativas à frente do 7º BPM?
Cláudio Oliveira – “Quando a gente chega e encontra um trabalho sendo bem executado, a responsabilidade aumenta. Tenho 25 anos de polícia, mas esse é meu primeiro comando, apesar de ter atuado em setores operacionais em todas as unidades de ponta da capital. Meu lema aqui será trabalhar, trabalhar e trabalhar”.

O FLU – De que maneira a sua experiência operacional pode contribuir para sua atuação no 7º BPM?

Cláudio Oliveira – “O Bope me proporcionou muitas técnicas e eu pretendo usar esse aprendizado no Batalhão. Também aprendi a trabalhar de forma estratégica, conhecendo as manchas criminais da área de atuação”.

O FLU – O Batalhão conta com cerca de 600 homens para atender a uma população de mais de 1 milhão de habitantes. Recentemente, o comandante-geral da PM prometeu aumento de efetivo para São Gonçalo, ainda este mês. Quantos recrutas devem ser deslocados para o batalhão?

Cláudio Oliveira – “Ainda não recebemos o número correto, mas o Comando-Geral já se comprometeu com a população de São Gonçalo. Sabemos da necessidade do Batalhão. A defasagem de policiais é um problema que perdura há muitos anos e isso tem sido revertido de forma gradativa. Assim que recebermos esses novos soldados, vamos distribuir pelas áreas de maior necessidade. Mas é importante frisar que o que importa não é a quantidade, mas sim a técnina desses profissionais. Por isso, vamos investir em treinamento e preparo”.

O FLU – O índice de homicídios colocou o 7º BPM em penúltimo lugar no ranking do Estado. Como a Polícia Militar pode minimizar esse problema?

Cláudio Oliveira – “Esse não é um problema exclusivo da Polícia Militar. O índice de homicídios é sempre muito complexo. Precisamos trabalhar em conjunto com a Polícia Civil, responsável pelas investigações. A integração é o modelo do futuro. Faremos reuniões periódicas com delegados da região para discutir esse impasse e melhorar nossa atuação”.

O FLU – Como será o relacionamento da corporação com a população de São Gonçalo?

Cláudio Oliveira – “Eu pretendo aumentar o diálogo com os cidadãos dessa cidade. Para isso, vamos ouvir os conselhos comunitários e as associações de moradores, a fim de acompanhar as demandas do município. Manteremos a prática de realizar cafés da manhã com esses representantes”.

O FLU – Como avalia o projeto do governador Sérgio Cabral, de implantar duas UPPs nos bairros de Jardim Catarina e Salgueiro?

Cláudio Oliveira – “Toda ajuda é bem-vinda. A eficiência da UPP já foi comprovada em alguns pontos da capital e acho que as unidades podem transformar o modo de vida de muitos moradores de comunidades dominadas pela violência. A ocupação territorial é de grande valia, porque evita o retorno de criminosos”.

O FLUMINENSE
Fernanda Pereira