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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

MATADOR DE ALUGUEL É SUSPEITO DE MATAR CORONEL DA PM QUE COMBATIA CORRUPÇÃO EM SP



SÃO PAULO - Um matador de aluguel foi preso e é suspeito de ter matado o coronel da PM José Hermínio Rodrigues, comandante de Policiamento Metropolitano da Zona Norte. O coronel foi morto com seis tiros disparados de uma pistola 380 mm quando passeava de bicicleta em uma avenida da Zona Norte de São Paulo, em janeiro de 2008. O matador teria sido contratado por policiais militares. Um dos policiais foi indiciado pelo crime . Nos próximos dias, deve ser pedida a prisão de pelo menos mais quatro PMs. Os policiais foram acusados de matar um traficante. Havia ainda suspeita de integrarem um grupo de extermínio.

O matador de aluguel foi preso na última segunda-feira por um outro crime. Wellington de Carvalho Franco, 30 anos, é paulistano, tem Segundo Grau completo e é acusado de cobrar de R$ 5 mil a R$ 30 mil para matar uma pessoa. Na lista de clientes dele, estão empresários e comerciantes da capital paulista. Segundo a polícia, ele é suspeito de envolvimento em 40 assassinatos nos últimos quatro anos.
Wellington acusou dois PMs de ter planejado o assassinato do coronel José Hermínio Rodrigues. Wellington disse que sabe da história, mas nega ser o autor dos tiros. O motivo do assassinato seria a ação do coronel contra a corrupção policial.

- Como o coronel Hermínio assinou a transferência deles, assim que o coronel morresse, eles voltariam para o 18º Batalhão, porque era a área que eles conheciam - disse Wellington.

O coronel, de 48 anos, foi assassinado a menos de 100 metros de uma base policial, na manhã de uma quarta-feira. Rodrigues estava em férias e andava à paisana de bicicleta na Avenida Engenheiro Caetano Álvares, no Mandaqui, próximo à Academia de Polícia do Barro Branco e do Clube dos Oficiais da Polícia Militar. Ele foi abordado por uma dupla que estava em uma motocicleta. A Policia Militar disse inicialmente que o oficial teria reagido a uma tentativa de assalto. Pelo menos 12 pessoas foram assassinadas na região após a morte do coronel .

Por medida de segurança, Wellington está sozinho numa cela, isolado dos outros presos. Ele pode ser condenado a mais de cem anos de prisão.

Outros crimes do matador

As principais testemunhas dos crimes cometidos por Wellington vivem hoje sob proteção policial. De acordo com a delegada Alexandra Comar de Agostini, ele comete a maioria dos crimes com uma pistola de calibre 380 e atira principalmente na região do rosto.

- Era um matador de aluguel e ele não escondia isso de ninguém - garante uma testemunha.

Segundo a investigação, outra vítima de Wellington é o porteiro José Cleyton Rocha, o Baianinho, morto em 2008.
- A gente via o fogo das balas saindo do carro dele e indo até o Baianinho - conta uma testemunha.

De acordo com a polícia, Wellington também matou o comerciante Roberto Sales, em junho do ano passado. Wellington chegou a fazer um leilão do crime.
- Ele falou: Roberto, eu recebi uma proposta de R$ 5 mil para te matar. Se você tiver uma contraproposta, o mal vai ser virado contra o feiticeiro, entendeu? - contou uma testemunha.

Não houve negociação. O mandante do crime, segundo a policia, é Rodrigo Silva Santos, dono de uma casa de shows e de uma clínica de estética, na Zona Norte de São Paulo. Ele teve a prisão decretada e está foragido. Wellington nega e diz que não matou ninguém. Ele diz que sua profissão é comerciante e passa a maior parte do tempo com a mãe.

Outra vítima é Fábio Muniz do Amaral, de 46 anos, corretor da Bolsa de Valores de São Paulo. As investigações indicam que a mulher de Fábio, Aparecida Bezerra da Silva, de 30 anos, contratou o matador por R$ 30 mil.

- Eles tinham uma relação às vezes um pouco agressiva, mas nada que escapasse de uma relação de um casal normal - conta o advogado da família de Fábio, José Chiachiri Neto.

O crime aconteceu em fevereiro do ano passado. Fábio tinha ido buscar a mulher na loja de roupas dela. Obtidas com exclusividade pelo Fantástico, as imagens das câmeras de segurança mostram Fábio ainda vivo e o momento em que Aparecida vai para o interior da loja. Segundos depois, ele é morto com dois tiros por um homem que estava na garupa de uma moto.

A polícia não tem dúvida de que o homem é Wellington. Também não tem dúvida do motivo do crime. O corretor da Bolsa de Valores tinha feito um seguro de vida no valor de R$ 120 mil. Aparecida era a única beneficiária.

Wellington foi preso na última segunda-feira e, no mesmo dia, o celular dele tocou na Delegacia de Homicídios. Ele disse que era Aparecida, a mulher acusada de mandar matar o marido. Aparecida é considerada foragida da Justiça.

As próximas vítimas do matador de aluguel seriam um capitão da Polícia Militar e a namorada do PM. O policial trabalha em um batalhão na Zona Oeste da capital paulista. De acordo com a investigação, o matador pretendia assassinar o casal ainda este mês. Segundo a polícia, o crime teria sido encomendado por um agiota. Alegando questões de segurança, o militar preferiu não gravar entrevista.

O matador morava em uma casa na Zona Norte de São Paulo. Pessoas ouvidas pelo 'Fantástico' dizem que Wellington era visto com frequência no bairro, acompanhado por policiais militares. Ele chegava a se apresentar como PM.

- Eu já o vi várias vezes armado no meio de policiais militares da área - conta uma testemunha.

A algema apreendida com ele ajudava a reforçar a imagem de que era policial. No depoimento, o matador desconversou: "Eu usava quando saía com alguma garota".