RIO - Em depoimento na Corregedoria Interna da Polícia Civil, o delegado Cláudio Ferraz afirma que o grupo do ex-subchefe de Polícia, Carlos Antônio de Oliveira, teria um informante no Disque-Denúncia. De acordo com informações do site do jornal Extra , o ex-diretor da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) revelou que a quadrilha teria vazado informações obtidas pelo serviço sobre a Operação Guilhotina , da Polícia Federal, que resultou na prisão de mais de 30 policiais.( Conheça os principais personagens da crise de Polícia Civil )
Segundo o site, no depoimento prestado na terça-feira, Cláudio Ferraz conta que um inspetor identificado como Gerhard, da Draco, teria descoberto que o grupo de Carlos Oliveira costumava checar as denúncias recebidas pelo Disque-Denúncia. De acordo com Ferraz, Gerhard "conseguiu descobrir que o vazamento das informações aconteceu no interior da sede do Disque-Denúncia, visto que essa organização criminosa (a de Oliveira) possuía tentáculos operacionais naquela central de informações".
Em nota, o coordenador do Disque-Denúncia, Zeca Borges, nega a informação. Ele afirma que a Polícia Civil tem acesso à sua base de dados. Além disso, Borges afirma que grande parte das informações usadas para deflagrar a operação da PF.
"O Disque-Denúncia, diante das declarações do delegado Cláudio Ferraz, de que haveria 'tentáculos operacionais' do grupo investigado pela Operação Guilhotina dentro de nossas instalações, esclarece que qualquer pesquisa em nossa base de dados só é permitida quando solicitada oficialmente. Como responsável direto pela segurança e seriedade de nosso serviço, asseguro que não há a menor possibilidade de nossos colaboradores terem repassado informações que não tenham sido previamente autorizadas. Reiteramos: não existe nenhum informante aqui dentro", diz a nota.
Também em seu depoimento, Ferraz afirma que a testemunha-bomba que forneceu as informações para a operação da PF ficou sob poder de policiais da banda podre durante 48 horas. Segundo o Extra, Magno Carmo Pereira foi detido em Jacarepaguá no dia 27 de agosto do ano passado pela equipe do policial Leonardo Torres, o Trovão, de quem era sócio no tráfico de armas. Durante o tempo em que permaneceu sob o poder de Trovão e sua equipe, Magno foi ameaçado de morte e avisado de que se colaborasse com a Polícia Federal, sua família também seria executada.
O Operação Guilhotina disparou uma crise na Polícia Civil do Rio. No dia em que a ação foi deflagrada, na última sexta-feira, o então chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, foi chamado a depor na Polícia Federal sobre o envolvimento de seu ex-subchefe operacional, Carlos Antônio Luiz Oliveira, com uma quadrilha ligada ao desvio e venda de armas a traficantes. Ele disse que, se houvesse alguma prova de sua participação no esquema, ele teria sido preso, mas sequer foi indiciado. No entanto, depois da Operação Guilhotina, sua substituição na chefia de polícia passou a ser considerada.
Dois dias depois de prestar seu depoimento, Turnowski determinou uma devassa na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), onde, sob o comando do delegado Claudio Ferraz, começou parte da investigação que resultou na Operação Guilhotina. A delegacia teve as portas lacradas. A iniciativa de investigar a Draco, segundo o chefe da Polícia Civil, foi tomada a partir de denúncias sobre o suposto envolvimento da equipe do delegado Claudio Ferraz em extorsões contra empresários e prefeituras.
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