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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Justiça decreta prisão de mais três PMs do caso Amarildo




Justiça aceitou denúncia do MP, que pediu prisão preventiva para 3 PMs.
Foi pedida a prisão de Reinaldo Gonçalves, Lourival Moreira e Wagner Soares.

A Justiça do Rio aceitou a denúncia do Ministério Público e decretou, na noite desta terça-feira (22), a prisão preventiva dos sargentos da Polícia Militar, Reinaldo Gonçalves e Lourival Moreira, e do soldado Wagner Soares. Vinte e cinco PMs foram denunciados. Dez já estão presos há quase 20 dias.

Uma escuta feita pela polícia, com autorização da Justiça, e revelada com exclusividade pelo Jornal Nacional nesta terça-feira (22), foi a prova decisiva para a conclusão do caso para o Ministério Público, que indiciou mais 15 policiais militares pela morte de Amarildo de Souza. Ao todo, já são 25 PMs acusados de participação no desaparecimento do ajudante de pedreiro, no dia 14 de julho. Todos trabalhavam na UPP da Rocinha.

Um homem que se identifica como o traficante Catatau faz ameaças a um policial infiltrado no tráfico - e dá a entender que matou Amarildo, conhecido como Boi. A perícia comprovou que esse homem era o soldado Marlon Campos Reis fazendo uma encenação.

A investigação apontou tentativas de forjar provas e incriminar traficantes da Rocinha pela morte do ajudante de pedreiro. Uma escuta telefônica, autorizada pela Justiça, revelou a manobra.

PM Marlon: Fala aí, seu "X-9". Vou cortar tua cabeça, maluco, tu vai ver.
Não identificado: Camarada. camarada. Deixa eu te explicar aqui.
Marlon: Já botamo (sic) o Boi (Amarildo) na tua conta, neguinho. Já botamo o Boi (Amarildo) na tua conta.

A promotoria disse que foram feitas análises das vozes dos policiais e do traficante de drogas para chegar a essa conclusão. “A perícia feita deu negativa para a voz do Catatau”, completou.

Quatro PMs torturaram Amarildo

Após depoimentos, foram identificados quatro policiais militares que participaram ativamente da sessão de tortura a que Amarildo foi submetido ao lado do contêiner da UPP da Rocinha. Segundo informou o Ministério Público nesta terça-feira (22), testemunhas contaram à policia sobre a participação desses PMs no crime.
De acordo com a promotora Carmem Elisa Bastos, do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), o tenente Luiz Medeiros, o sargento Reinaldo Gonçalves e os soldados Anderson Maia e Douglas Roberto Vital torturaram Amarildo depois que ele foi levado para uma "averiguação" na base da UPP. Ainda segundo eles, outros PMs são suspeitos de participar ativamente da ação.

Enquanto o ajudante de pedreiro era torturado por quatro policiais, outros 12 ficaram do lado de fora, de vigia. Oito  PMs que estavam dentro dos contêineres que servem de base à UPP foram considerados omissos porque não fizeram nada para impedir a violência. Outros cinco policiais que decidiram colaborar com as investigações disseram que o major Edson, então comandante da UPP, estava num dos contêineres, que não têm isolamento acústico, e podia ouvir tudo.

Segundo o MP-RJ, mais 15 policiais militares, entre eles três mulheres, foram denunciados pelo órgão, totalizando 25 acusados pelo crime. As três policiais militares foram denunciadas por tortura –  uma delas havia prestado depoimento na semana passada.

Dos novos denunciados, três terão a prisão preventiva decretada: sargento Reinaldo Gonçalves, sargento Lourival Moreira e soldado Wagner Soares. Gonçalves permanecia no cargo até a manhã desta terça-feira, antes da divulgação do aditamento da denúncia. Segundo a PM, será pedido o afastamento do cargo de todos que tiverem a prisão decretada.
Quatro PMs que estavam no contêiner durante a execução de Amarildo não foram denunciados, já que a promotoria entendeu que eles foram coagidos a aceitar a situacão. "Eles foram debochados pelos outros policiais e, por se sentiram ameaçados, decidiram não interromper o crime", disse a promotora.

Formação de quadrilha

Ainda segundo ela, dentre os denunciados, 13 policiais foram indiciados por formacão de quadrilha. Um deles era o major Edson Santos, que encontrava-se no contêiner de cima, mas que estaria de acordo com toda a situação; um tenente, três sargentos e oito soldados que vigiavam o local do crime.

Do total de denunciados, 17 devem responder também por ocultação de cadáver e quatro por fraude processual, já que houve a tentativa de esconder as provas do assassinato.

Os quatro policiais acusados de tentar ocultar as provas são: major Edson Santos, tenente Luiz Medeiros, soldado Marlon Campos Reis e o soldado Douglas Roberto Vital Machado. O major Edson Santos foi denunciado por todos os crimes, sendo dois deles por fraude processual.

Veja os nomes dos PMs denunciados
Edson Raimundo Dos Santos
Luiz Felipe De Medeiros
Douglas Roberto Vital Machado
Marlon Campos Reis
Jorge Luiz Gonçalves Coelho
Victor Vinicius Pereira Da Silva
Jairo Da Conceição Ribas
Anderson Cesar Soares Maia
Wellington Tavares Da Silva
Fábio Brasil Da Rocha Da Graça
Reinaldo Gonçalves Dos Santos
Lourival Moreira Da Silva
Wagner Soares Do Nascimento
Rachel de Souza Peixoto
Thaís Rodrigues Gusmão
Felipe Maia Queiroz Moura
Dejan Marcos De Andrade Ricardo
Jonatan de Oliveria Moreira
Márcio Fernandes De Lemos
Bruno dos Santos Rosa
Sidney Fernando De Oliveira Macário
Vanessa Coimbra Cavalcanti
João Magno De Souza
Rafael Bayma Mandarino
Rodrigo Molina Pereira