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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Turnowski diz que fiscalização a maus policiais será implacável





Chefe de Polícia Civil dá posse a novo corregedor e promete combate sem trégua contra agentes envolvidos com o crime


Rio - Fiscalização à conduta e atuação de policiais. Desta forma, o chefe de Polícia Civil, o delegado Allan Turnowski, pretende evitar outros incidentes envolvendo civis como no caso do juiz trabalhista Marcelo Alexandrino, baleado ao lado do filho e da enteada em Jacarepaguá, na Zona Oeste, no início do mês. Na manhã desta terça-feira, Turnowski esteve presente na posse de novos assessores da cúpula da instituição.

Turnowski afirmou também que ficará a cargo do novo corregedor interno, Gilson Emiliano Soares, o trabalho de fiscalizar o desempenho dos policiais durante o desempenho de suas funções. O chefe de Polícia Civil disse ainda que pretende dar prioridade ao trabalho técnico e de perícia em detrimento à política de enfrentamento.

Para que a nova missão do corregedor tenha sucesso, Turnowski promete ser implacável na fiscalização e já avisou que não vai mais tolerar desvios de conduta de policiais. O delegado promete punir exemplarmente os agentes envolvidos com o crime organizado, como a máfia das máquinas caça-níqueis, milícia ou mesmo tráfico de entorpecentes. O combate contra o vazamento de informações sobre operações também promete ser duríssimo.

De acordo com as novas regras, a corregedoria terá de cumprir metas de produtividade e desempenho. A fiscalização aos agentes nas ruas será diária. Para Turnowski a sociedade não tolera mais desvios de conduta e o mínimo que o servidor pode demonstrar é lealdade e cumplicidade. "Uma corregedoria forte levará a instituição a novos rumos", disse o chefe.


Agência O Dia

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

"Verdadeiro" capitão Nascimento diz que é mais feliz longe do Bope





A foto com a boina estampada pelo símbolo do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) do Rio de Janeiro, a caveira, foi até este ano, ironicamente, a menor das semelhanças entre o ex-comandante do Bope Rodrigo Pimentel e o capitão Roberto Nascimento, vivido pelo ator Wagner Moura no aclamado “Tropa de Elite”. Os conflitos familiares vividos por Pimentel ao longo de sua carreira na PM e o estresse de quem trabalha “no fio da navalha” diante da violência urbana da capital fluminense foram decisivos na composição do personagem principal do longa metragem do diretor José Padilha.

A inspiração que uniu os personagens da ficção e do mundo real, porém, termina em “Tropa de Elite 2”, quando o agora coronel Nascimento abre mão do seu objetivo de criar um substituto no comando do Bope e de dar mais atenção à sua esfacelada relação familiar para seguir à frente no combate aos “vagabundos”. Rodrigo Pimentel seguiu caminho inverso. Hoje o seu celular toca para atender pedidos de entrevistas e para organizar sua vida de comentarista de segurança pública, e não mais para largar a família em casa para liderar uma operação policial.

“Se eu estivesse na Polícia Militar, hoje, certamente estaria comandando um batalhão. É uma vida infernal. Ele leva um celular para casa e esse celular vai tocar no final de semana umas dez vezes. Eu curto muito os meus dois filhos, curto muito meu fim de semana. Sou mais feliz hoje”, confessa Pimentel, co-roteirista de “Tropa de Elite” e “Tropa de Elite 2”.

Nesta entrevista exclusiva ao UOL Notícias, Pimentel, agora uma espécie de antítese do protagonista da trama policial, explica também que, ao contrário de Nascimento, cujo lema que inspira seus comandados é de que a “guerra é a cura”, sua “válvula de escape” hoje é “falar sobre segurança pública, promover debates, falar com vocês aqui”.

Há dez anos longe da PM, e há quase um como comentarista de segurança do telejornal regional da Rede Globo, o RJTV, ele afirma também que “esporte, política, cultura, moda, isso sempre foi comentado e debatido em qualquer jornal do Brasil. Já na segurança pública a notícia sempre foi apresentada, jogada, e você acreditava naquilo”.

Além de roteirista, e comentarista, Pimentel também promove palestras pelo Brasil abordando o cenário da segurança pública fluminense. O principal assunto é a proliferação das milícias nas favelas e na política do Rio.

UOL Notícias - Neste “Tropa de Elite 2” o agora coronel Nascimento, vivido mais uma vez por Wagner Moura, não conseguiu largar o trabalho com segurança pública, ao contrário de você. Até que ponto as semelhanças se mantiveram?

Pimentel - Lógico que o capitão Nascimento tinha alguma coisa a ver comigo. Na história, eu fui buscar lembranças da minha passagem pelo Bope, da minha vida familiar, dos meus conflitos, mas nesse segundo filme está bem claro que é uma obra de ficção. Mas me inspirei em pessoas que existem. Eu busquei um amigo que comandou o Bope e depois foi subsecretário de inteligência; eu busquei a figura do subsecretário de inteligência, o coronel Romeu, que participou do governo [Anthony] Garotinho, participou da secretaria de Segurança Pública do [Marcelo] Itagiba, e eu tenho absoluta certeza de que ele fez o possível ali para sair daquela função de forma honrada e ética. Tenho certeza absoluta que ele conspirou para o bem. Então, a ideia de um coronel Nascimento cercado por corruptos, numa secretaria onde todos estavam focados em eleição, não é uma ideia tirada da cartola, isso aconteceu em um momento do Rio de Janeiro.

UOL - O filme traz a frase que guia a trajetória do coronel Nascimento e de todos que combatem a violência no Rio de Janeiro: “A guerra é a cura, é a válvula de escape”. Após 10 anos longe da PM, qual a sua válvula de escape hoje?

Pimentel - Minha válvula de escape hoje é falar sobre segurança pública, promover debates, falar com vocês aqui, isso é ótimo para mim, é minha válvula de escape hoje. A segurança pública precisa ser debatida, precisa ser comentada, analisada, eu falo todo dia no RJTV [da TV Globo] nessa linha, faço reflexões e o mais interessante é que esporte, cultura, moda, economia, política, isso sempre foi comentado e debatido em qualquer jornal do Brasil. Já na segurança pública a notícia sempre foi apresentada, jogada, e você acreditava naquilo. É o que o repórter policial falou, o que o coronel da PM disse, o que o delegado disse. Todo dia a gente poder falar de segurança, analisar fatos, é muito gratificante, é uma ótima válvula de escape.

UOL - É possível se falar tudo o que pensa sobre um tema delicado na maior emissora de TV do país?

Pimentel - Eu tenho toda e absoluta liberdade para falar sobre segurança pública na Rede Globo hoje, no RJTV. É um ótimo exercício, mas claro que é liberdade com responsabilidade. Eu tenho que apurar muito bem o fato.
UOL - Há três anos, o UOL fez uma entrevista na qual você revelou que largou o Bope após o nascimento do seu primeiro filho. Você imagina como seria a sua vida hoje se não tivesse tomado essa decisão?

Pimentel - Se eu estivesse na Polícia Militar, hoje, certamente estaria comandando um batalhão, talvez não o Bope, um batalhão de bairro. A vida de comandante de batalhão, ou de subcomandante, que eu também poderia estar desempenhando esta função, é uma vida meio infernal. É uma dedicação exclusiva para a atividade de comandante. Ele leva um celular para casa e esse celular vai tocar no final de semana umas dez vezes. Ele é acionado para qualquer tipo de evento de repercussão na área do seu batalhão, ele não tem tempo para viajar, ele não tem um final de semana com a família, é uma vida de privações em função do comando. Eu admiro todos os meus amigos que comandam unidades hoje. Talvez daqui dois, ou três anos eles coloquem a família em primeiro plano, mas quem comanda um batalhão hoje coloca a sua vida pessoal, afetiva e familiar em segundo plano.

UOL - Você sente falta da PM ou está mais feliz hoje longe deste trabalho?

Pimentel - É uma dedicação, é um estresse, é uma complicação, muita cobrança. Eu curto muito os meus dois filhos, curto muito meu fim de semana, todo o momento que eu posso estar com eles, conversando ou brincando, eu curto muito essa aproximação.

Eu acho que eu não teria oportunidade disso se eu tivesse permanecido na Polícia Militar ou na Secretaria de Segurança Pública. Eu acho que eu sou mais feliz hoje estando fora, refletindo sobre segurança, escrevendo livros, argumentos e roteiros.

UOL - Falando em roteiro, você teve participação na história do longa metragem. Na sua opinião, o Rio de Janeiro retratado aos brasileiros é atual ou de cinco, seis anos atrás?

Pimentel - Na minha opinião de argumentista, de quem escreveu o argumento do filme, o original da obra, é o Rio de Janeiro de pelo menos seis, sete anos atrás. Muita coisa ainda persiste hoje, é bem verdade, mas é só fazer uma rápida comparação com o número de milicianos presos. No governo passado, no governo [Anthony] Garotinho, cinco foram presos. No governo atual 480 milicianos foram presos. Então, apesar do crescimento da milícia no Estado, existe uma evidente preocupação maior do aparato policial, da Secretaria de Segurança Pública, com essa nova modalidade que é a milícia.

Eu entendo que seja uma preocupação pequena ainda, mas pelo menos existe essa preocupação. Mas outras analogias você pode fazer de "antes e de hoje". É a presença de candidatos a deputado federal, estadual, em favelas dominadas por milicianos.
UOL - No longa, é citada uma “queima de arquivo” que, no final das contas, regenera o sistema corrupto das milícias. Como combater, então, as milícias de forma definitiva?

Pimentel - Combater milícia não é fácil. Milícia você está combatendo deputados, vereadores da base do governo que possuem suas prerrogativas, suas imunidades, possuem suas articulações com o governo do Estado, com a prefeitura, então é algo muito difícil, que ninguém fez antes no Rio de Janeiro.

UOL - Por que é preciso um filme recordista de bilheteria para as pessoas se darem realmente conta da realidade que vivem ou viveram?

Pimentel - Uma boa matéria do jornal mais vendido do Rio de Janeiro, uma boa matéria de uma boa revista semanal vai atingir ali uma centena de milhares de cariocas e poucos brasileiros. Vai ficar restrito ao mercado do Rio. O filme Tropa de Elite é cultura de massa. Ele vai chegar a 10 milhões de pessoas, ele vai usar uma forma muito pedagógica que é o drama, que é a tragédia, que é o teatro.

Então fica muito mais fácil para você enxergar assim, do que numa coluna, num artigo de jornal. O relatório das milícias está pronto há um ano e meio [realizado pelo deputado estadual reeleito Marcelo Freixo]. Ele é público, está na internet, mas poucas pessoas acessaram. Pouca gente teve interesse. Com o filme fica tudo mais fácil. Com o filme, o cidadão que saiu para buscar uma diversão vai ter, além do entretenimento, a reflexão. Ele vai enxergar que ele pode ter votado em um deputado de uma daquelas máfias, que ele ainda pode estar votando em deputado daquelas máfias. Ele pode fazer melhor, pode cobrar uma nova política em relação a essas máfias.

UOL - O governador reeleito do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), já subiu em palanque com Jerominho e Natalino Guimarães, presos acusados de chefiarem milícias, além de homenagear em discurso o Álvaro Lins, também preso. Mesmo ele combatendo a milícia mais efetivamente, como você vê essa relação toda?

Pimentel - É evidente que o filme teve algum tipo de apoio do Estado, através da Secretaria de Cultura, tivemos apoio com os helicópteros da Polícia Civil, com as locações do Bope, com as locações do próprio gabinete do governador Sérgio Cabral, nós filmamos no gabinete dele. Então, eu entendo que se a carapuça servisse ao governo Sérgio Cabral o governo não nos apoiaria. A milícia é algo novo no cenário carioca, talvez seis ou sete anos. E, sim, todos os milicianos presos no Estado do Rio pertenciam a bases políticas de partidos do governo.

Então, todo político que ocupou cargo no executivo nos últimos 10 anos de alguma forma interagiu com milicianos, conversou com milicianos, porque eles pertenciam ao próprio governo. Eu confesso que, num primeiro momento, não só eu, mas outros policiais também entenderam a milícia como um "mal necessário". Não tinha condição de imaginar que a milícia em tão pouco tempo iria ser tornar algo mais perigoso que o tráfico de drogas, justamente por essa relação com a política.

UOL - Por retratar um governador corrupto, você acredita que se “Tropa de Elite 2” fosse lançado antes das eleições teria potencial para mudar o rumo do pleito ao governo do Estado?

Pimentel - Esse filme tinha um verdadeiro potencial não para dar a vitória ao [candidato do PV Fernando] Gabeira, mas para as pessoas poderem refletir mais sobre o assunto. Poderiam pensar: "Será que ainda existe uma ligação do atual governo com milícias?" Mas, sim, iria trazer também ao eleitor de periferia essa reflexão. "Meu deputado é ligado à milícia? Meu deputado é miliciano? O meu voto é de opressão?” Eu acho que essa reflexão iria trazer. Talvez ainda uma outra: a liberdade de uns candidatos circularem nessas áreas. Porque essas áreas, a exemplo das eleições de 2006, foram negadas a candidatos na eleição de 2010. Eu conversei com o deputado [estadual reeleito pelo PT e ex-ministro do Meio-Ambiente] Carlos Minc e uma equipe dele foi atacada na região de Sepetiba [zona oeste do Rio], uma área dominada pelo deputado [já indiciado] Jorge Babu, que foi investigado pela CPI das Milícias.

Uma outra equipe do Marcelo Freixo também foi atacada, em Campo Grande [também zona oeste do Rio], área dominada por dezenas de milicianos. Então, essa reflexão, se a área do meu bairro, será que a minha periferia, a zona oeste em particular, será que candidatos têm acesso privilegiado à minha região? Com certeza sim. Então o legado do “Tropa de Elite 2” é o exercício de reflexão, o exercício de pensar no voto, de exigir do governo do Estado uma nova política para o combate dessas máfias.

UOL - A milícia tem a capacidade de formar novos líderes?

Pimentel - Formação de novos líderes, não. Os líderes são estes aí que estão representados. Mas ela continua existindo. Um bom exemplo disso foi (...) uma operação em Rio das Pedras [zona oeste do Rio] feita pela Draco, que prendeu dois majores da PM. (...) Depois desta grande operação, eu fui à favela no dia seguinte e os moradores reclamavam que todas as taxas de proteção tinham dobrado de preço. O segundo escalão continuava cobrando taxas.

A população estava revoltada, a polícia veio aqui, prendeu os líderes, e eles continuavam reféns. Ou seja, o que não foi feito ainda, e essa é a maior cobrança que devemos fazer ao governo Sérgio Cabral hoje, é unidades pacificadoras em favelas de milícia. Por que não se aproveitou o êxito da operação e estabeleceu ali uma unidade pacificadora? A polícia sabia que o tráfico, assim, iria retornar. Assim, ela passa a ser uma ação burra, não é algo inteligente, pois você só está trocando a favela de um criminoso para outro, tirando do miliciano e dando para o traficante.

UOL - Qual a força das milícias hoje no Rio de Janeiro, na sua opinião?

Pimentel - O melhor número para se medir milícia no Rio de Janeiro, por incrível que pareça, é da Agência Nacional do Petróleo. A ANP calcula que 1,2 milhão de cariocas comprem botijões de gás superfaturados no Rio de Janeiro. Porque compra botijão de gás pagando algum tipo de sobretaxa para a milícia. E não é só favela, bairros inteiros que estão nas periferias das favelas também estão subjugados por essas organizações milicianas. A grande porrada na milícia foi concentrada há uns 10, 12 meses. Grandes lideranças milicianas foram presas no Rio de Janeiro e foi uma desorganização muito grande na milícia. Nestas eleições, os milicianos não conseguiram apresentar seus filhos, seus sobrinhos, seus irmãos como candidatos, mas muitos candidatos não milicianos e oportunistas ainda buscaram e compraram esses votos nestas regiões dominadas. Estabeleceram compromissos de campanha que serão cobrados futuramente.


André Naddeo
do UOL Notícias

Novo comandante da PM em São Gonçalo quer integração com Civil





Tenente-coronel Cláudio Luiz tomou posse na sede do 7º BPM e afirmou que pretende chamar os delegados da área para definir estratégias de atuação. Confira aqui a entrevista

O tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira assumiu ontem o comando do 7º BPM (São Gonçalo) prometendo colocar em prática as técnicas que aprendeu no Batalhão de Operações Especiais (Bope) para combater os altos índices de violência naquele município.

O “caveira” contará com efetivo de cerca de 600 homens para patrulhar a cidade, que tem mais de 1 milhão de habitantes, e seu principal desafio será reduzir o número de homicídios na região, que colocou o quartel em penúltimo lugar no ranking do Estado. Mas para ele, essa não é uma tarefa exclusiva da PM, pois argumenta que o controle da violência passa pela investigação, que é atribuição da Polícia Civil. Por isso, pretende chamar os delegados da área para conversar e definir estratégias de atuação.
“Peço à população da cidade que acredite no trabalho da polícia. Vamos nos empenhar para conhecer as principais necessidades do município e atuar de forma estratégica”, declarou ontem, durante solenidade de troca de comando, que contou com a presença do coronel Paulo Mouzinho, chefe do 4º Comando de Policiamento de Área (CPA).

Cláudio Luiz deixou o posto de subcomandante administrativo do Hospital da Polícia Militar (HPM), em Niterói, que será ocupado pelo tenente-coronel Roberto Gil. Além do Bope, o novo comandante do Batalhão de São Gonçalo possui experiência operacional adquirida em passagens pelo Serviço de Inteligência (P2) dos batalhões do Estácio (1º), Rocha Miranda (9º) e Olaria (16º).

Despedida – Ao deixar o comando do 7º BPM, o tenente-coronel Roberto Gil deu a ententer que faltaram melhores condições de trabalho, mas evitou polemizar.

“Não quero deixar meu posto lembrando de algumas dificuldades que encontramos para o desempenho de nossas funções. Também não preciso lembrar dos índices conquistados, pois esses já são sentidos pela população que vive aqui. Nesse momento, quero destacar a modernização vivida pela corporação nos últimos anos e o novo modelo de gestão, baseado no ser humano”, declarou.

‘Meu lema aqui será trabalhar’

O FLUMINENSE – Quais são suas expectativas à frente do 7º BPM?
Cláudio Oliveira – “Quando a gente chega e encontra um trabalho sendo bem executado, a responsabilidade aumenta. Tenho 25 anos de polícia, mas esse é meu primeiro comando, apesar de ter atuado em setores operacionais em todas as unidades de ponta da capital. Meu lema aqui será trabalhar, trabalhar e trabalhar”.

O FLU – De que maneira a sua experiência operacional pode contribuir para sua atuação no 7º BPM?

Cláudio Oliveira – “O Bope me proporcionou muitas técnicas e eu pretendo usar esse aprendizado no Batalhão. Também aprendi a trabalhar de forma estratégica, conhecendo as manchas criminais da área de atuação”.

O FLU – O Batalhão conta com cerca de 600 homens para atender a uma população de mais de 1 milhão de habitantes. Recentemente, o comandante-geral da PM prometeu aumento de efetivo para São Gonçalo, ainda este mês. Quantos recrutas devem ser deslocados para o batalhão?

Cláudio Oliveira – “Ainda não recebemos o número correto, mas o Comando-Geral já se comprometeu com a população de São Gonçalo. Sabemos da necessidade do Batalhão. A defasagem de policiais é um problema que perdura há muitos anos e isso tem sido revertido de forma gradativa. Assim que recebermos esses novos soldados, vamos distribuir pelas áreas de maior necessidade. Mas é importante frisar que o que importa não é a quantidade, mas sim a técnina desses profissionais. Por isso, vamos investir em treinamento e preparo”.

O FLU – O índice de homicídios colocou o 7º BPM em penúltimo lugar no ranking do Estado. Como a Polícia Militar pode minimizar esse problema?

Cláudio Oliveira – “Esse não é um problema exclusivo da Polícia Militar. O índice de homicídios é sempre muito complexo. Precisamos trabalhar em conjunto com a Polícia Civil, responsável pelas investigações. A integração é o modelo do futuro. Faremos reuniões periódicas com delegados da região para discutir esse impasse e melhorar nossa atuação”.

O FLU – Como será o relacionamento da corporação com a população de São Gonçalo?

Cláudio Oliveira – “Eu pretendo aumentar o diálogo com os cidadãos dessa cidade. Para isso, vamos ouvir os conselhos comunitários e as associações de moradores, a fim de acompanhar as demandas do município. Manteremos a prática de realizar cafés da manhã com esses representantes”.

O FLU – Como avalia o projeto do governador Sérgio Cabral, de implantar duas UPPs nos bairros de Jardim Catarina e Salgueiro?

Cláudio Oliveira – “Toda ajuda é bem-vinda. A eficiência da UPP já foi comprovada em alguns pontos da capital e acho que as unidades podem transformar o modo de vida de muitos moradores de comunidades dominadas pela violência. A ocupação territorial é de grande valia, porque evita o retorno de criminosos”.

O FLUMINENSE
Fernanda Pereira

terça-feira, 12 de outubro de 2010

São Gonçalo forma PMs, mas os novos soldados vão para as UPPs

RIO - Município fluminense que possui o menor índice de policiais por habitantes (há um policial para cada 1.500 moradores, quando o ideal é um para cada 250 habitantes), São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, tem um curso de formação de policiais militares que são lotados em outras cidades assim que concluem o curso de formação.

A situação inusitada foi levada ao governador Sérgio Cabral pela deputada estadual Graça Mattos e é motivo de protestos do Conselho Municipal de Segurança e outras entidades da cidade, que registra alto índice de criminalidade, principalmente assaltos e homicídios.

-- Há um ano estamos denunciando a invasão de bandidos expulsos dos morros do Rio que foram beneficiados com UPPs. A invasão acontece pela proximidade e pela falta de policiais no único batalhão e pelo precário atendimento que a população tem nas delegacias da Polícia Civil. Fomos surpreendidos quando os 80 homens formados no curso de formação do 7º BPM foram lotados nas UPPs -- reclamou o presidente do Conselho de Segurança da 7ª AISP, José Antônio Borges.

No contato com o governador, a deputada Graça Mattos pediu mais policiais para o 7º BPM, reforma das delegacias e reabertura do batalhão da PM de Neves, que foi transferido para Nova Friburgo e tirou mais de 500 policiais da cidade. Com a falta de policiamento ostensivo, o número de assaltos aumentou na cidade. Na tarde de segunda-feira, havia uma fila de vítimas registrando queixa de roubos e futos na 73ª DP (Neves).

-- As estatísticas não traduzem a realidade porque, por não confiar na ação da polícia, a maioria das vítimas não procura as delegacias -- lamentou Borges.

Segundo o comandante do 7º BPM, tenente-coronel Roberto Gil, que está deixando o posto, a unidade de fato possui um curso de formação de policiais.

-- Isso não segnifica que eles tenham que ficar no batalhão -- disse o comandante.


Paulo Roberto Araújo

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/10/08/sao-goncalo-forma-pms-mas-os-novos-soldados-vao-para-as-upps-922740567.asp

domingo, 10 de outubro de 2010

Cai mais uma milícia


Comandado por policial civil, grupo preso ontem dominava três bairros na Zona Oeste


Antônio Werneck, Daniel Brunet e Ruben Berta – O Globo

Oito pessoas foram presas — entre elas, um inspetor da Polícia Civil, um subtenente do exército e dois policiais militares — durante uma operação para desarticular mais uma milícia que atuava na Zona Oeste do Rio. Batizada de Biscoito, a operação foi deflagrada na madrugada de ontem pelos policiais civis da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual.

O grupo paramilitar atuava na região de Pedra de Guaratiba, Ilha de Guaratiba e Barra de Guaratiba, com faturamento estimado em mais de R$ 1,2 milhão por ano, apenas com a exploração ilegal de TV a cabo.

Segundo o delegado Claudio Ferraz, titular da Draco, e o promotor Marcus Vinícius Leite, do Gaeco, ficou comprovado durante as investigações que o chefe da milícia, conhecida como Piraquê (daí a operação “Biscoito”), era o inspetor Eduardo Pinto da Cunha, atualmente lotado na 36ª DP (Santa Cruz), mas que até bem pouco tempo trabalhava na 43ª DP (Guaratiba). Os policiais do setor de Inteligência da Draco disseram que foi o inspetor Cruz que, há seis meses, prendeu um grupo de milicianos que atuava na região.

Depois das prisões, o próprio inspetor assumiu a milícia, passando a explorar sinais de TV a cabo e venda de botijões de gás, e cobrando dos comerciantes até R$ 50,00 semanais como “taxa de segurança”.
Grupo teria matado cinco pessoas

A Draco também está investigando a relação do grupo com pelo menos cinco assassinatos. As mortes teriam ocorrido durante a tomada da área.

Também há no inquérito policial, encaminhado à Justiça estadual, nove tentativas de homicídio atribuídas à milícia. Nas investigações, foi possível ainda recolher depoimentos de testemunhas que acusam os policiais, principalmente o inspetor Cunha, de espancamentos, ameaças e supostos assassinatos.
Os bairros de Ilha e Barra de Guaratiba ficam próximos à Serra da Grota Funda. Barra de Guaratiba tem entre seus principais atrativos os restaurantes das “tias”, especializados em frutos do mar, e o Sítio de Burle Marx. A Ilha — que, na verdade não é uma ilha, e teria esse nome por causa de um oficial inglês chamado William, que freqüentava a região no início do século XIX — possui muitos sítios, principalmente voltados para o cultivo de plantas ornamentais. O bairro irá receber o Túnel da Grota Funda, nova ligação com o Recreio dos Bandeirantes.

Já Pedra de Guaratiba fica numa região banhada pela Baía de Sepetiba e é uma área que tem crescido muito nos últimos anos, de forma desordenada, com o surgimentos de favelas como a do Rio Piraquê. Recentemente, a Praia da Brisa, mais conhecida da região, foi revitalizada e voltou a atrair frequentadores.

Das dez pessoas que tiveram os mandados de prisão expedidos, oito foram capturadas. Duas continuam foragidas: Sebastião Bastos Maranhão da Costa, o Tião; e Jacson Alves dos Santos, o Kojack. Os policiais foram presos com a ajuda da Corregedoria Geral Unificada (CGU) e a Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol), que participaram da operação desde as primeiras horas da manhã.

Um comboio de policiais civis deixou a sede da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco), na Gamboa, e seguiu para a Zona Oeste — Pedra de Guaratiba, Ilha de Guaratiba, Barra de Guaratiba e Barra da Tijuca — onde moram os acusados de participar da milícia. Além das prisões, durante a ação, os policiais cumpriram 18 mandados de busca e apreensão.

Três armas foram apreendidas: um rifle mauser sniper, um fuzil e uma pistola Taurus. Todas recolhidas na casa do policial civil. Segundo o delegado Claudio Ferraz, a milícia já utiliza a mesma rede de fornecimento de armas dos traficantes de drogas.

— Já temos informações robustas de que os milicianos estão usando a mesma rede de fornecimento de armas que alimenta o tráfico do Rio.

Numa investigação recente, chegamos a grampear um policial militar, que acabou preso, conversando com um colega de farda sobre arma apreendida com traficante e que deveria ser repassada a milicianos — afirmou Ferraz.

Segundo as investigações da Draco, que coordenou a operação de ontem, a milícia de Cunha assumiu o comando da região em julho deste ano.

A primeira medida foi implantar um toque de recolher: das 23h às 5h ninguém poderia passar pelas ruas.
Quem entrasse na favela depois das 20h, era revistado pelos milicianos.
Eduardo Cunha, que era lotado na 43aDP (Guaratiba), circulava pela comunidade com uma viatura da delegacia para intimidar os moradores.

Os milicianos impuseram uma taxa de segurança na favela Piraquê. Moradores que se recusavam a pagar eram espancados. Eles eram obrigados ainda a repassar dinheiro ao grupo quando vendessem alguma casa ou terreno na comunidade. O grupo controlava ainda, de forma ilegal, a distribuição de gás e de sinais de TV a cabo. Ontem, técnicos subiram em postes para desfazer as ligações clandestinas.

— A milícia era liderada por um policial civil e continha um núcleo familiar, à semelhança da conhecida “Liga da Justiça”, que aterrorizava Campo Grande. A presença de policiais militares e de um integrante do exército potencializava as atividades do bando — analisaram os promotor Marcus Leite e Claudio Varela, do Gaeco.

Além do inspetor Cunha, foram presos o subtenente do exército Marco Antônio Cosme Sacramento e o policial militar Marcos Antônio Pisente Canário, o Marquinhos. Os outros quatro presos são da mesma família: Geraldo Maranhão da Costa, conhecido como Velho; os filhos dele, Pedro e Isabel Maranhão; e o sobrinho Antônio Luiz da Costa. Maranhão e o policial militar Ubirajara Rodrigues Gama Filho, do 31º BPM (Recreio), estavam logo abaixo de Cunha na escala de comando.

Os dez foram denunciados por formação de quadrilha armada. Se condenados, Cunha, Maranhão e Gama podem ter uma pena maior que a dos demais, por serem os líderes. Para esse tipo de crime, a pena prevista é de, no máximo, 12 anos de prisão.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sérgio Cabral decide trocar comando de diversos batalhões da Polícia Militar para reagir a arrastões

RIO - Diante da onda de arrastões que aterroriza motoristas desde a semana passada, o governador Sérgio Cabral anunciou, nesta quarta-feira, que a Secretaria de Segurança vai trocar os comandos de diversos batalhões da Polícia Militar.

A dança das cadeiras já está definida. As mudanças foram acertadas em reunião do comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte, com seus colaboradores diretos.

No Batalhão de Polícia em Áreas Turísticas (Bptur), a tenente-coronel Viviane Damásio Duarte, que está grávida, vai se licenciar. Assumirá o tenente-coronel Claudio. O 1º BPM (Estácio) sairá das mãos do tenente-coronel César Tanner, que assumirá o 3º Comando de Policiamento de Área (Baixada). Em seu lugar, ficará o subcomandante do 22º BPM (Maré), tenente-coronel Ranulfo Souza Brandão Filho.

O tenente-coronel Antonio Carlos Carballo Blanco sai do 2º BPM (Botafogo) e vai para a Escola Superior de Polícia Militar (ESPM), dando lugar ao ex-comandante do 26º BPM (Petrópolis), tenente-coronal Antonio Henrique Oliveira. O tenente-coronel Ibis Silva Pereira, comandante da ESPM, assume o 26º BPM (Petrópolis). No 4º BPM (São Cristóvão), o tenente-coronel Rogério Leitão, então comandante do 23º BPM (Leblon), assume o posto que pertencia ao coronel Weber Collye, que será secretário municipal em Seropédica. O Batalhão do Leblon passará ao comando do tenente-coronel Roberto Garcia, ex-subcomandante do 16º BPM (Olaria).

O coronel Luiz Castro, ex-coordenador de Análises Criminais da PM, será nomeado comandante do 5º BPM (Praça Harmonia), que estava sob a chefia de Sayonara do Valle. Ela passará a integrar o Centro de Comunicação e Informática da corporação. No 7º BPM (São Gonçalo), entra o tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira, que dirigia o Hospital da PM em NIterói. A unidade de saúde agora ocupada pelo tenente-coronel Roberto Gil.

O ex-comandante do 18º BPM (Jacarepaguá), Djalma Beltrame, assumirá o 14º BPM (Bangu), substituindo o coronel Jose Macedo, que comandará o 16º BPM (Olaria). O coronel Antonio Jorge, enté então comandante do batalhão de Olaria, será transferido para o 28º BPM (Volta Redonda). O 18º BPM passará a ser comandado pelo tenente-coronel Souza, ex-chefe do setor de Pessoal da PM.

Mudanças também no 17º (Ilha do Governador): assume o tenente-coronel Marcos Neto, ex-subcomandante do 3º BPM (Méier). O tenente-coronel Ruy Louri deixa o 39º BPM (Belford Roxo) para integrar a Diretoria Geral de Pessoal da PM. Ele será substituído pel tenente-coronel Silvestre.

No 19º BPM (Copacabana), tenente-coronel Rogério Seabra, que vai para a Diretoria de Finanças da corporação, dará a lugar à tenente-coronel Cláudia de Melo Louvaim. O major Fabio Cajueiro vai dirigir a Coordenação de Análises Criminais. Era do Centro de Comunicação e Informática da PM.

Elevado da Paulo de Frontin teve dois arrastões em menos de 12 horas

Por volta das 19h30m, os ladrões roubaram dois veículos e pertences de motoristas que passavam no local. Os ladrões fizeram ao menos seis vítimas. Foi o terceiro arrastão na cidade em menos de 24 horas e o nono desde a semana passada.

Quarta-feira, algumas horas depois do arrastão no Elevado da Paulo de Frontin, o policiamento foi reforçado. Três viaturas estavam posicionadas na entrada do Túnel Rebouças, no sentido Zona Sul. PMs em motocicletas ficaram nos vãos das muretas centrais do elevado.

O delegado da 6ª DP (Cidade Nova), Luiz Alberto Andrade, disse que o caso é preocupante, principalmente pela reincidência em tão pouco tempo:

- Provavelmente as ocorrências de quarta-feira e quinta-feira estão relacionadas. O grupo teve sucesso, viu que não houve reforço do policiamento e voltou.

Os carros foram periciados em busca de digitais dos criminosos. Segundo o delegado, as vítimas não conseguiram reconhecer os bandidos entre fotos de possíveis suspeitos.

Andrade ressaltou que a região é considerada crítica dentro da área de abrangência da 6ª DP. Há cerca de 10 dias, a delegacia, em parceria com a 7ª DP (Santa Teresa) e com o 1º BPM (Estácio), reforçou a segurança do Rio Comprido, mobilizando policiais na Avenida Paulo de Frontin. Viaturas passaram a ficar estacionadas em diversos pontos.

De acordo com a Companhia de Engenharia do Tráfego (CET-Rio), diariamente 85 mil veículos passam pelo elevado, no sentido Zona Norte.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, afirmou que nem sempre é possível evitar assaltos e que a falta de notificação dos casos, por parte da população, prejudica o planejamento do patrulhamento. O oficial não acredita que a onda de assaltos esteja sendo feita por bandidos expulsos de suas comunidades pelas UPPs.

Fonte: http://oglobo.globo.com