Visualizações de páginas da semana passada

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Mario Sergio, ex-comandante de PM: ‘sempre há possibilidade de erro’


Ex-comandante-geral da PM, Mario Sergio Duarte, e o tenente-coronel Claudio Luis Oliveira, preso suspeito de ser o mandante do assassinato da juíza Patrícia Acioli Foto: Lucas Figueiredo- O São Gonçalo

O ex-comandante-geral da PM, coronel Mario Sergio Duarte, afirmou, nesta manhã, que seu pedido de exoneração, feito ontem à Secretaria de Segurança, nada mais foi do que o cumprimento de seu dever moral.

- Nao há nenhuma outra alternativa do que assumir a minha responsabilidade pela escolha do comandante. Esse é um ato moral que me cabe, o papel do funcionário público. Essa é minha forma de dizer que minha proposta de ter uma PM com respeito ao cidadão deve envolver todos os escalões: o soldado que está na ponta e também nos altos escalões, como a minha pessoa. Por isso, solicitei minha exoneração. Não gostaria de fazer isso, neste momento, que estou acamado e não posso vir a público, mas é meu dever moral - afirmou o coronel à Bandnews FM.

Mario Sergio Duarte, que se recupera de uma cirugia na próstata, entregou seu pedido de exoneração ontem, dois dias depois da prisão do tenente-coronel Claudio Luis Oliveira, ex-comandante do 7º BPM (São Gonçalo), suspeito de ser o mandante do assassinato da juíza Patrícia Acioli. Sobre a escolha de nomear o tenente-coronel Cláudio - que responde a 12 processos administrativos - para o comando do 22º BPM (Maré), Mario Sergio Duarte disse que sempre há risco de erros neste tipo de escolha.

- Por mais que tenhamos precaução na hora da escolha, nós pesamos todas as informações, mas sempre vai haver uma possibilidade de erro na nossa escolha mesmo de policiais com a ficha completamente limpa. O coronel Claudio foi o terceiro comandante do Batalhão de São Gonçalo na minha gestão e ele vinha obtendo redução dos índices de criminalidade. Mas, o processo de escolha de comandantes é extremamente penoso. O que não pode depois é dizer: eu não sei, eu não vi, eu fui traído. A responsabilidade é minha - disse.

Sobre seu substituto, Mario Sergio não deu detalhes, mas desejou sorte:
- Não sei quem será o novo comandante, mas desejo o melhor.

Coronel Mário Sérgio escreve carta com pedido de exoneração

RIO - Logo após o pedido de exoneração do cargo de comandante-geral da Polícia Militar, o coronel Mário Sérgio Duarte enviou carta com o pedido. O militar está hospitalizado e enviou a mensagem por meio de celular.

Leia o texto na íntegra:

"Exmo Sr Secretário de Estado de Segurança José Mariano Benincá Beltrame
Dirijo-me à V. Exa para solicitar exoneração do cargo de Comandante Geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.

O motivo de fazê-lo se fundamenta na necessidade de não deixar nenhum espaço para dúvidas quanto a minha responsabilidade no processo de escolha dos Comandantes, Chefes e Diretores da Corporação, preservando, de quaisquer acusações injustas, as pessoas que me confiaram a nobre missão que assumi comprometido com a honra, e agora deixo, norteando tal decisão neste mesmo imperativo de valor.

Sobre o caso particular que me impõe esta decisão, o indiciamento do Tenente Coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira no homicídio da Juíza Patrícia Acyoli, e sua conseqüente prisão temporária, devo esclarecer à população do Estado do Rio de Janeiro que a escolha do seu nome, como o de cada um que comanda Unidades da PM, não pode ser atribuída a nenhuma pessoa a não ser a mim.

O Rio de Janeiro, senhor Secretário, está em franco processo de recuperação de sua imagem como lugar de tranqüilidade pública e paz social não por acaso, mas, seguramente pela aplicação de um conjunto de ações norteadas pela clareza das idéias.

O Estado, sua população, cada pessoa que por aqui transita em busca de paz e bem, devem continuar confiando nesta Política Pública que privilegia a vida, descontrói o ódio e reacende esperanças.

Ao tempo que vos agradeço pela confiança depositada e o apoio nos momentos mais difíceis, solicito-vos que encaminhe este pedido ao Exmo Sr Governador, a quem também explicito meus eternos agradecimentos pela oportunidade e a honra que me concedeu ao nomear-me Comandante de minha amada Instituição.

Deixo de fazê-lo pessoalmente por me encontrar hospitalizado, convalescendo de uma cirurgia."

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ex-comandante da PM suspeito de mandar matar juíza é preso


âmeras registraram os criminosos que perseguiram e mataram a juíza Patrícia Acioli

O tenente-coronel Claudio Luiz Oliveira já foi exonerado do comando do 22º BPM (Maré) e se encontra detido na carceragem do Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro desde as primeiras horas da madrugada desta terça-feira. A informação é da assessoria de comunicação da PM.

Oliveira teve a prisão preventiva decretada pela 3ª Vara Criminal de São Gonçalo, acusado de ser o mandante do assassinato da juíza Patricia Acioli, no dia 11 de agosto, em Niterói (RJ). Outros cinco policiais, acusados de forjar um auto de resistência para acobertar a morte de Diego Belieni, 18 anos, também tiveram mandados expedidos pela Justiça.

A decretação da prisão do tenente-coronel ocorreu após a confissão de um dos cabos que executaram a juíza Patricia Acioli. Ele revelou que Cláudio Luiz de Oliveira foi o mandante do crime. O cabo, que estaria ameaçado de morte, obteve o direito à delação premiada (com provável redução de pena) e foi incluído no programa de proteção à testemunha. Ele disse que usou duas pistolas no crime, o que confirma a versão dada pela polícia de que a juíza morreu com 21 tiros de pistolas 40 e 45.
Três policiais militares suspeitos de matar a juíza já estão presos em várias unidades. As prisões dos três PMs foram decretadas por Patrícia horas antes de ser executada.
Juíza estava em "lista negra" de criminosos

A juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, foi assassinada a tiros dentro de seu carro, por volta das 23h30 do dia 11 de agosto, na porta de sua residência em Piratininga, Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, ela foi atacada por homens em duas motos e dois carros. Foram disparados mais de 20 tiros de pistolas calibres 40 e 45, sendo oito diretamente no vidro do motorista.

Patrícia, 47 anos, foi a responsável pela prisão de quatro cabos da PM e uma mulher, em setembro de 2010, acusados de integrar um grupo de extermínio de São Gonçalo. Ela estava em uma "lista negra" com 12 nomes possivelmente marcados para a morte, encontrada com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, preso em janeiro de 2011 em Guarapari (ES) e considerado o chefe da quadrilha. Familiares relataram que Patrícia já havia sofrido ameaças e teve seu carro metralhado quando era defensora pública.

sábado, 24 de setembro de 2011

UPPs não conseguem pôr fim ao ágio no botijão de gás


Venda de gás no Pavãozinho, uma das 16 favelas com ágio Foto: Guilherme Amado
Guilherme Amado e Marcelo Gomes

Quase três anos após a implantação da primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), o programa ainda não conseguiu fazer com que moradores de favelas pacificadas paguem o mesmo preço cobrado no asfalto por botijões de gás. Herdado da época em que esse e outros serviços eram controlados por traficantes e milicianos, o ágio no bujão continua vigorando em 16 das 17 comunidades pacificadas visitadas na semana passada pelo EXTRA. A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) investiga denúncias envolvendo a cobrança de ágio no gás nessas favelas do Rio.

O maior preço encontrado foi no Morro do Fallet, no Rio Comprido. Três bares visitados pelo EXTRA cobravam R$ 45 pelo botijão de 13 kg. O valor é 23,35% mais alto que o preço médio na cidade do Rio (R$ 36,48), de acordo com a pesquisa semanal da Agência Nacional do Petróleo (ANP) em distribuidores em todo o Brasil.

— O preço a mais é o que ganhamos para levar o bujão até o alto do morro, que é bastante íngreme — alegou um comerciante.

A segunda posição no "ranking" é dos morros do Borel, na Tijuca, e da Providência, no Centro. Lá, o depósito Diamante Azul, distribuidor da Ultragaz localizado atrás do Terminal Américo Fontenelle, cobra R$ 44 pelo botijão de 13kg, segundo os moradores. Ou seja, 20,61% mais caro que o preço médio no Rio. O EXTRA esteve no depósito, mas o dono não foi encontrado.

— Esse é o único depósito que eu conheço por aqui. E também eles entregam o botijão em qualquer lugar do morro — disse uma moradora.