Acusados de envolvimento no crime,
Simone e Lucas (em destaque) estiveram no local da chacina e acompanharam todo
o trabalho da polícia e a remoção dos dois corpos pelos bombeiros
Foto:
Por Renata Sena e
Thuany Dossares
Os irmãos gêmeos
Lucas e Matheus Resende Khalil, de 23 anos - acusados de envolvimento no
assassinato do advogado Wagner da Silva Salgado, 42, e de sua família, no Barro
Vermelho, em São Gonçalo, no último dia 17 - se entregaram à polícia entre a
noite de quarta-feira e a tarde de ontem. Os jovens são sobrinhos da dona de
casa Soraya Gonçalves de Resende, 37, e primos da pequena Geovanna Resende Salgado,
de apenas nove anos, que também foram mortas. Matheus chegou a morar na casa
dos tios por três anos. O irmão dos gêmeos, de apenas 15 anos, chegou a prestar
depoimento na DH, mas foi inocentado.
Contra a dupla,
foram cumpridos mandados de prisão temporária por homicídio. A mãe deles,
Simone Gonçalves de Resende, apontada pela polícia como mandante do crime,
segue foragida.
“Verificando todos
indícios e a forma de agir, tínhamos a desconfiança da participação de
familiares. Sabíamos que o crime tinha sido praticado por pessoas próximas,
porque não houve arrombamento na residência e teve utilização do silenciador
nas armas. Nossa impressão inicial se confirmou. A ação criminosa se deu em
relação à razão da herança de R$ 7 milhões que está sendo disputada. Uma briga
que já se arrastava há 19 anos entre a Simone e a Soraya”, explicou o delegado
Fábio Barucke, diretor da especializada.
O primeiro a ter a
prisão solicitada foi Lucas. Através de mensagens em redes sociais, ele
negociou a venda de uma arma com silenciador. Durante as diligências que
estavam sendo feitas na noite de quarta-feira para tentar localizá-lo, os
agentes da DH acabaram encontrando Matheus na casa do pai, em Rio das Ostras, e
o conduziram até a delegacia, onde o jovem confessou a participação no crime.
“Inicialmente, ele
negava qualquer tipo de envolvimento, até que, sem mais suportar os
questionamentos, acabou confessando. Ele afirma que sua mãe, Simone, foi a
principal articuladora da ação, inclusive, ele se diz vítima da mente criminosa
dela, que eu classifico como uma mente doentia. Matheus disse que sua mãe
exigiu que ele ficasse aguardando dois homens por ela contratados na porta do
prédio e que permitisse a entrada deles, levando-os até a casa ao lado das
vítimas. Depois, o Matheus também dá fuga a dupla. Ele diz que não sabia de
nada, que não sabia que as mortes aconteceriam, mas isso tem que ser
investigado”, esclareceu Barucke.
Magia negra -
Durante o depoimento, Matheus também esclareceu que os dentes que foram
encontrados no quarto do casal não eram dos autores do crime, mas sim objetos
de um ritual de magia negra.
“A questão do dente
foi uma grande tormenta pra gente. Corremos atrás de todos os hospitais
imaginando que poderia ser de um dos autores e que ele teria sido hospitalizado.
Mas também suspeitávamos que os dentes faziam parte de um ritual de magia
negra. Depois que o Matheus falou que a Simone participava desses rituais,
descobrimos através de pesquisas que dentes jogados em residências significam
posse. Como já estávamos trabalhando com essa linha de motivação pela disputa
da herança, entendemos que ela queria dizer que matando a família e jogando os
dentes, ela teria direito a tudo. Temos a informação de que antes e depois do
crime ela participou desses rituais. Inclusive, ela pede ao seu guia que dê uma
oferenda àquela entidade que mata, como vimos em mensagens no celular dela.
Então certamente os dentes foram deixados no local pelos dois executores
contratados por ela”, explicou o delegado.
Já Lucas se
entregou durante a manhã de ontem na 124ªDP (Saquarema). No início da tarde,
ele foi transferido para a DH, onde prestou depoimento para ajudar a polícia a
esclarecer o crime. Barucke acredita que o jovem premeditou o crime e facilitou
toda a logística, fornecendo as armas e o carro utilizados.
As investigações
agora irão continuar com o objetivo de identificar os dois homens contratados
por Simone para executar Wagner, Soraya e Geovanna. “Sabemos que foram dois
homens, entre eles um adolescente, que teria aproximadamente 15 anos, e o outro
de cerca de 26 anos. Eles são de Saquarema, porque foi para lá que o Matheus os
levou na fuga depois do crime. A investigações ainda prosseguem com o objetivo
de identificá-los e prendê-los”, declarou.
Lágrimas de
crocodilo - Simone e seus filhos gêmeos demonstraram frieza na cena do crime.
Além dela e Lucas serem vistos aos prantos na entrada do prédio no dia das
mortes - como registrou o repórter fotográfico Sandro Nascimento, do jornal OSG
-, o jovem chegou a postar em sua página no Facebook que estava de luto.
Já Matheus morou durante três anos
com os tios no mesmo apartamento onde tudo aconteceu e foi criado por Wagner e
Soraya como um filho, junto com a prima Geovanna.
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